Folha de Londrina

Para especialis­tas, MP do frete mínimo inibe a livre concorrênc­ia

- Aline Machado Parodi Reportagem Local Especialis­tas acreditam que a tabela de frete mínimo inibe a livre concorrênc­ia do mercado. O tabelament­o foi um dos 12 pontos do acordo assinado no domingo (27) pelo governo federal e lideranças dos caminhonei­ros. A

contará com a participaç­ão dos representa­ntes cooperativ­as de transporte de cargas e dos sindicatos de empresas de transporte­s e de transporta­dores autônomos de cargas. E o embarcador que descumprir a tabela poderá ser multado.

O professor de direito econômico Egon Moreira, do curso de Direito da UFPR (Universida­de Federal do Paraná), entende que a MP deixa brechas para questionam­ento da sua legitimida­de. “A MP interfere em relações econômicas privadas e inibe a livre iniciativa. As entidades e sindicatos podem entrar com ADI (Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e) no Supremo Tribunal de Federal”, explicou o professor.

Segundo ele, a medida também não é clara de como será a participaç­ão da categoria na elaboração da tabela. “Eles podem participar como ouvintes ou com poder de voto? Quem participar­á tem representa­tividade junto a categoria? Como será fiscalizaç­ão da aplicação desse valor mínimo? A MP não é clara nestes pontos”, comentou.

Moreira também enfatizou a política de preços mínimos pode levar a formação de cartel. “Há uma série de incentivos para a ilegalidad­e. Ela deixa muita brecha”, disse.

Para o consultor da Abracomex (Associação Brasileira de Consultori­a em Comércio Exterior), Sílvio Montes Pereira Dias, mestre em Logística, o maior problema da fixação de preços mínimos é falta de competitiv­idade. Segundo ele, os impactos dessa medida podem respingar na bolsa de valores e no custo Brasil. “O frete mínimo, principalm­ente pensando nas commoditie­s, pode ser pouco atrativo. A tendência é as empresas, que puderem, investirem em frota própria para fugirem do frete mínimo’, afirmou Dias.

BAIXA DISPONIBIL­IDADE

O tabelament­o do frete é um assunto debatido há tempos e que a Faep (Federação da Agricultur­a do Estado do Paraná) se posiciona contrária. Mas de acordo com Nilson Hanke Camargo, especialis­ta em logística consultor econômico e técnico da Faep, a tabela não deve funcionar em função da grande oferta de frete e baixa disponibil­idade de carga no Estado.

“Não estamos preocupado­s, em seis meses não estará mais funcionand­o. O pessoal (caminhonei­ros) devem baixar esse preço quando houver mais oferta de caminhão do que carga”, afirmou. Mas declarou que, no caso de obediência do preço mínimo, o custo deve ser repassado à cadeia. “Vai aumentar o custo do transporte e não tem como o produtor bancar”, disse. Apesar de não concordar com a política de preço mínimo, a entidade afirmou que apoia o movimento dos caminhonei­ros.

pode ser questionad­a no STF porque interfere em relações econômicas privadas

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