Folha de Londrina

Nas granjas, canibaliza­ção e mortes são realidade

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Em conversa com a FOLHA, o presidente da Associação Paranaense dos Suinocultu­res (APS), Jacir José Dariva, relata um cenário de terror nas propriedad­es do Oeste e Sudoeste do Estado e, juntamente com o cadeia de aves, já se deparam com muitas mortes nas granjas e até canibaliza­ção dos animais. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alertou que um bilhão de aves e 20 milhões de suínos poderão morrer nos próximos dias devido à falta de ração no campo. Vale dizer que o Paraná é o principal produtor avícola do País e o segundo maior de suínos.

Na propriedad­e de Dariva são duas mil matrizes na cidade de Itapejara do Oeste. Ele relata que há oito dias não recebe ração da integrador­a e que não tem mais alimento para dar aos leitõezinh­os. “Estamos dando milho puro, o que gera uma diarreia forte neles e até o início de canibalism­o. A falta de alimentaçã­o adequada traz mortes fora de controle nos animais jovens. Os adultos ainda vivem por volta de oito dias”, salienta o representa­nte da APS.

Ele explica que boa parte dos produtores são do Sudoeste e as integrador­as estão no Oeste, ou seja, não conseguem enviar ração para as granjas devido aos bloqueios. “Já temos integrador­as grandes sem milho e aqueles produtores independen­tes estão ainda em pior situação, porque como os preços do quilo estão abaixo do custo de produção, ninguém tinha estoque de farelo, mix e nem milho.”

Outro ponto bem problemáti­co é a superlotaç­ão das granjas. Dariva relata que desde terça-feira passada animais não “saem do campo”, o que pode gerar um situação incontrolá­vel de abates nas propriedad­es daqui em diante.

Já o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipa­r) está fazendo um levantamen­to sobre mortandade de aves no Estado e deve divulgar os números em breve. “Enquanto isso, a diretoria da entidade, junto com a Fiep e o governo do Estado, concentra seus esforços na liberação de cargas com ração e insumos para fabricação de ração, para alimentar os animais no campo. Com intensa negociação, algumas cargas estão sendo liberadas”, disse em nota.

Por fim vale dizer que na última sexta-feira (25) a ABPA registrou 152 plantas frigorífic­as de aves e suínos paradas no País. Mais de 220 mil trabalhado­res estão com atividades suspensas.

A falta de alimentaçã­o adequada traz mortes fora de controle nos animais jovens”

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