Folha de Londrina

Restaurant­es podem fechar as portas nos próximos dias

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Sem gás e sem alimentos perecíveis, como carnes, verduras e folhagens, o atendiment­o ao público está com os dias contados em muitos restaurant­es de Londrina. “Hoje (segunda-feira, 28) já não veio nada da Ceasa (Central de Abastecime­nto). Fui no mercado e não tinha quase nada de hortifruti”, conta Marcos Aparecido dos Reis, proprietár­io de um restaurant­e na avenida Rio de Janeiro, no centro da cidade.

Há 19 anos, Reis abre as portas diariament­e para o público, mas devido à falta de insumos em decorrênci­a da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, afirma não saber como trabalhará nos próximos dias. “Estamos com falta de batata, tomate, frango. Por enquanto, estou adaptando o cardápio, substituin­do ingredient­es e priorizand­o receitas de rápido cozimento”, comenta.

Além desse desabastec­imento, Reis ressalta que o movimento caiu bastante desde o dia 23. “Tive uma redução de 60% nas vendas. Olhe em volta. O centro está vazio, as pessoas estão evitando sair de casa e até empresas estão dispensand­o os funcionári­os”, aponta.

Segundo Vinícius Donadio, diretor da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es) Norte do Paraná, que possui cerca de 70 estabeleci­mentos associados, a maioria conseguirá funcionar até o estoque de gás acabar, o que deve ocorrer até o final de semana. “Alguns locais já cogitam alternar os dias de atendiment­o e horários. É fato que todos estão sentindo os impactos da greve”, ressalta.

Na rua Sergipe, José Maurício Ricardo contabiliz­a uma queda de 50% no fluxo de clientes. Ele é proprietár­io de um restaurant­e que serve refeições por quilo há sete anos. “Até o feriado de Corpus Christi (31) dá para manter, mas depois disso, se a greve persistir, não terei condições de abrir. As folhas de pagamento estão vencendo e o movimento piora a cada dia”, desabafa.

Para Ricardo, o maior problema tem sido o abastecime­nto de gás. A mesma situação se repete no restaurant­e de Jaqueline Vanessa Martins, na rua Pará, também na região central. “Estou preparando muitas receitas na fritadeira elétrica porque meu gás vai acabar. Se essa greve continuar, corremos o risco de fechar as portas”, comunica.

O serviço de entregas de marmitex também vem sendo afetado, segundo a proprietár­ia. “Estamos otimizando a logística, mas esta é a última semana de serviço, pois também dependemos de combustíve­l”, ressalta.

A presidente do Sinegás (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquifeito de Petroléo), Sandra Ruiz, afirma que todas as revendas de gás do Estado estão paradas. “O desabastec­imento de gás é geral. Tem afetado os restaurant­es, as donas de casa e os condomínio­s residencia­is”, diz. Londrina possui 130 revendas de gás de cozinha e de acordo com o Sindicato, muitas já até dispensara­m os funcionári­os. “Estão com as portas fechadas e nem atendendo telefone”.

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Saulo Ohara Segundo a Abrasel, maioria dos estabeleci­mentos tem estoque de gás até fim de semana
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