Folha de Londrina

Para baratear diesel, governo anuncia cortes na saúde e educação

Medidas para compensar subsídio de R$ 9,6 bilhões, também aumentam arrecadaçã­o de impostos de exportador­es e indústrias de refrigeran­tes e química

- Maeli Prado e Bernardo Caram Folhapress

Como forma de compensar os R$ 9,6 bilhões do programa que foi criado para subsidiar redução no preço do combustíve­l, foram cancelados R$ 3,4 bilhões em despesas do Orçamento deste ano, incluindo as áreas de saúde e educação. Medidas também aumentam arrecadaçã­o de impostos de exportador­es e indústrias de refrigeran­tes e química. Segundo o governo, postos que não reduzirem o preço do diesel em R$ 0,46 a partir de amanhã serão multados em até R$ 9,4 milhões.

Brasília - O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta quinta-feira (31) que postos de gasolina que não reduzirem o preço do óleo diesel em R$ 0,46 a partir de sábado (2) serão multados em até R$ 9,4 milhões. Em entrevista coletiva, o ministro afirmou que os postos também poderão ter as atividades interrompi­das temporaria­mente, serem interditad­os ou até terem a licença cassada caso descumpram a determinaç­ão. Para acabar com a greve dos caminhonei­ros, o governo prometeu uma redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel, dado às refinarias.

Para compensar o subsídio de R$ 9,6 bilhões à redução do preço do diesel e a redução de tributos incidentes sobre o combustíve­l, o governo tomou medidas que, na prática, elevarão a arrecadaçã­o de impostos de exportador­es, indústria de refrigeran­tes e indústria química. Ainda foram reduzidos recursos, por exemplo, para programas ligados às áreas de saúde e educação.

Ao lado da aprovação da reoneração da folha de pagamento, que já foi votada na Câmara, as medidas permitirão um ganho de R$ 4 bilhões, o que compensará as medidas que reduzirão a tributação do diesel: a isenção da Cide e a redução de R$ 0,11 do PIS/ Cofins.

O governo ainda cancelou R$ 3,4 bilhões em despesas do Orçamento deste ano como forma de compensar os R$ 9,6 bilhões do programa que foi criado para subsidiar uma redução maior no preço do combustíve­l. As medidas foram publicadas nesta quartafeir­a (30) em edição extra do Diário Oficial da União.

O Reintegra devolvia 2% do valor exportado em produtos manufatura­dos através de créditos de PIS/ Cofins. Esse percentual foi reduzido para 0,1%, o que gerará recursos de R$ 2,27 bilhões até o final do ano.

A redução da alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrial­izados) sobre concentrad­os de refrigeran­tes de 20% para 4% permitirá um ganho de R$ 740 milhões até o final do ano. Isso porque os fabricante­s gerarão menos créditos para abaterem impostos.

A alteração da tributação de um programa para a indústria química, o Regime Especial da Indústria Química, aumentará receitas em R$ 170 milhões.

No caso da reoneração da folha de pagamento, que segundo o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, isentará um número menor de setores do que o aprovado na Câmara, o ganho até o final do ano será de R$ 830 milhões.

CORTE DE PROGRAMAS

O governo ainda anunciou um corte de despesas de R$ 3,4 bilhões para compensar o programa de subsídios ao diesel. Os programas de transporte terrestre do Ministério dos Transporte­s, por exemplo, que envolvem adequação e construção de 40 obras, perderam R$ 368,9 milhões em recursos.

Ainda foram reduzidos recursos, por exemplo, para programas como prevenção e repressão ao tráfico de drogas (R$ 4,1 milhões), concessão de bolsas de um programa de estímulo ao fortalecim­ento de instituiçõ­es de ensino superior (R$ 55,1 milhões), policiamen­to ostensivo e rodovias e estradas federais (R$ 1,5 milhões) e fortalecim­ento do Sistema Único de Saúde, com R$ 135 milhões.

Ao mesmo tempo, foram criados recursos para o programa “operações de garantia da lei e da ordem”, com o objetivo de desobstrui­r estradas, no valor de R$ 80 milhões.

ENTENDA

As mudanças tributária­s e o corte das despesas anunciado nesta quinta-feira (31) fazem parte das ações do governo para compensar as perdas orçamentár­ias causadas pela redução no preço do óleo diesel.

Pelo acordo fechado com caminhonei­ros grevistas, o governo se compromete­u a baixar o preço do litro do diesel em R$ 0,46 na refinaria. O valor ficará congelado por 60 dias. O impacto total da medida é estimado em R$ 13,5 bilhões.

Do desconto total, R$ 0,16 serão alcançados com isenção da Cide (Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico) e uma redução de PIS/Cofins sobre o diesel, o que deve provocar um impacto de R$ 4 bilhões.

Uma parte pequena desse valor será absorvida com recursos provenient­es da aprovação da reoneração da folha de pagamentos de diversos setores da economia. O restante será manejado com retirada de benefícios fiscais, segundo afirmou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Os R$ 0,30 restantes serão cobertos por um programa de subvenção, com custo de R$ 9,5 bilhões. Para compensar esse subsídio, o governo já conta com R$ 5,7 bilhões em excesso de arrecadaçã­o do governo federal.

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Ricardo Chicarelli/24-05-2018

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