Com pão, ovos, cebola, linguiça e temperos, a carne moída era transformada em um delicioso bolo de carne.
Londrina possui cerca de 60 monumentos que contribuem para a identidade e memória locais
“Aqui é ponto central do traçado urbano de Londrina”, aponta uma placa no Centro de Londrina. Por ela passa todo tipo de pessoa e poucos, ou ninguém, leem. Londrina possui 63 monumentos distribuídos em vários locais para contar sua história. Placas, bustos, painéis e esculturas simbolizam a cidade e registram a memória. Preservar é preciso, mas há os que resistem ao abandono.
No site do Siglon (Sistema de Informação Geográfica de Londrina), o registro de instalação simbólica mais antigo é o da Estátua Deus Mercúrio. Localizada em frente ao Palácio do Comércio, sua história inicia-se em 1942, quando a Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) inaugurava sua primeira sede. Sobre dois andares, a representação mitológica se destacava.
Um deus do comércio em granito e bronze apontava o dedo para o céu e observava a cidade do alto. Com a demolição do prédio, em 1973, foi levado para a UEL (Universidade Estadual de Londrina) e só retornou para o novo edifício em 1987. Desde então, mais discretamente, vê e é visto pela população londrinense que passa por aquele pedaço da rua Minas Gerais.
Neste meio tempo, algumas publicações citam que a estátua foi cotada a ser derretida para bala de canhão quando o Brasil entrou na Segunda Guerra. O esforço e diplomacia do presidente da associação, David Dêquech, teria evitado que ela fosse levada de Londrina.
No ano seguinte à instalação de Mercúrio, um novo monumento marcou a cidade. O mastro da praça Marechal Floriano Peixoto representa o altar da pátria. “Foi no dia 7 de setembro de 1943. Eu tinha 9 anos quando cortei a fita no dia da inauguração. Tinha muita gente, era um evento, uma coisa importante na época”, recorda Négila Hauly, 83. O mastro é o ícone que deu a identidade ao local, popularmente chamado de Praça da Bandeira.
Das várias marcas, um projeto de Domingos Pellegrini ressaltou as construções históricas, que, embora não tenham sido erguidas por motivos exclusivamente simbólicos, contribuem para perpetuar a memória de Londrina. O bronze aplicado em 14 pontos afirma que “Aqui Tem História”. Os inscritos comemoram os 61 anos da cidade e dão a ideia da relevância do seu local de instalação.
A frase do início deste texto faz parte de uma delas, descrevendo a Catedral em suas três fases. “Neste local instalou-se a Igreja Matriz, em 1934, inicialmente de madeira. Uma nova igreja começou a ser erguida em 1938, inaugurando-se as torres dez anos depois. O atual edifício da Catedral é de 1972”, informa a placa. Prédios da Biblioteca Municipal, Hospital Santa Casa de Londrina e Teatro Ouro Verde estão entre os locais que receberam a homenagem.
Os monumentos representam, possuem valor, simbolizam, mas nem todos entendem sua linguagem. Sem políticas de valorização da cidade, a população perde a identidade. “Isso é um processo mais complexo do que falta de divulgação. A gente vem estimulando para que as pessoas visitem mais esses espaços”, afirma o secretário Municipal de Cultura, Caio Julio Cesaro. Segundo ele, há uma preocupação em desenvolver roteiros turísticos junto às secretarias competentes e promover visitas monitoradas.
HOMEM COMPLETO
A arte de Henrique de Aragão, O Passageiro, é uma das obras mais imponentes. Produzida em concreto e aço inox, seus 15 metros de altura chamam atenção dos que passam sem a pressa habitual de quem faz da rotatória entre as avenidas Dez de Dezembro e Leste-Oeste seu caminho diário.
O Passageiro é uma homenagem da Viação Garcia ao 55º aniversário da cidade e também da empresa. Representa o Homem Completo por meio de dois personagens que simbolizam os viajantes na busca pela integridade interior. É a unidade entre Eros (desejo) e Tanatus (morte) colocados em torno de uma esfera e a semente da continuidade ao centro.
Conhecer e identificar-se. Cada espaço possui sua memória entrelaçada à história de seus habitantes. “Os monumentos de todas as cidades são referências de memória, história, de valor, são referenciais até do desenvolvimento. Para Londrina, que é uma cidade que está com um pouco mais de 80 anos, é importante que a gente passe a olhar para esses espaços e desenvolver políticas públicas de valorização”, destaca.
Eu tinha 9 anos quando cortei a fita no dia da inauguração”
É importante queagente passe a olhar para esses espaços”