Folha de Londrina

Ajudando moradores de rua

Operação Noite Fria segue até setembro em Londrina; cerca de 200 pessoas já foram acolhidas

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Com a queda de temperatur­a muitos moradores em situação de rua sofrem ao dormir ao relento. Desde 2009, ano da realização do último censo, esse público aumentou. Segundo informaçõe­s da Prefeitura de Londrina, o número já passa de 500. A Operação Noite Fria, conduzida pela secretaria de Assistênci­a Social, foi criada justamente para proporcion­ar acolhiment­o a esses moradores. Desde o início da edição de 2018, no dia 22 de maio, a iniciativa já prestou cerca de 200 atendiment­os.

Segundo a diretora de Proteção Social Especial da secretaria, Joseane Nogueira, o número de vagas oferecidas por meio da operação aumentou de 60 para 64, em comparação a 2017. Essas vagas são ofertadas por meio de convênio com as entidades Bom Samaritano e Morada de Deus. A operação é realizada de maio a setembro. Os acolhiment­os acontecem das 19h às 7h e são realizadas por meio da equipe de abordagem da secretaria ou pela equipe do Centro POP (Centro de Referência Especializ­ado para População em Situação de Rua).

Por conta do frio, e por se tratar de serviço indispensá­vel, o término do horário das abordagens nas ruas foi estendido de 23h para 1h. “Muitas vezes a pessoa está na rua e não quer ir para o acolhiment­o, mas se tiver alguém da Assistênci­a Social que passe para levá-la para o acolhiment­o depois das 21h30 acaba indo”, declarou Nogueira. A abordagem estendida foi realizada até quinta-feira (31), mas poderá ser retomada se as temperatur­as caírem novamente.

Além das 64 vagas, há outras 154 disponibil­izadas diariament­e nas instituiçõ­es socioassis­tenciais conveniada­s com a secretaria - Centro de Assistênci­a e Recuperaçã­o de Vidas Morada de Deus, SOS (Serviço de Obras Sociais) e Casa do Bom Samaritano. Nos abrigos conveniado­s, as pessoas têm direito a banho e jantar, podendo dormir e receber os serviços de atendiment­o de proteção social especial. Durante o dia, uma equipe multidisci­plinar composta por psicólogos, assistente­s sociais, educadores sociais, pedagogos e de apoio faz o acompanham­ento da pessoa, direcionan­do para grupos de atendiment­o e para ajudá-las a sair da condição de rua.

REGRAS

A coordenado­ra técnica da Casa do Bom Samaritano, Elaine Cristina de Oliveira, explica que para poder atender mais pessoas as camas comuns são substituíd­as por beliches e são contratado­s mais funcionári­os. “Normalment­e recebemos 89 pessoas, mas nesse período de frio acolhemos 30 pessoas a mais que o volume que a instituiçã­o normalment­e suporta”, observou.

“Para permanecer aqui a pessoa não pode fazer uso de substância psicoativa e nem estar sob efeito delas. É preciso que a pessoa consiga conviver com os outros minimament­e. Às vezes algumas pessoas têm rusgas da rua não resolvidas e nesse caso um ou outro não fica aqui”, apontou Oliveira. Ao todo são servidas diariament­e 600 refeições por dia. “É uma casa grande, mas comum”, destacou.

REPÚBLICA

Além dos locais conveniado­s, desde 2017 funciona uma república para moradores de rua na zona leste. A diretora da secretaria disse que a partir de agosto podem ser abertas mais três repúblicas, para atender 30 pessoas, sendo duas para crianças e adolescent­es – com supervisão de adultos.

A Assistênci­a Social também projeta a abertura de uma unidade próxima ao Centro POP, que terá dez banheiros com chuveiros. “O que o morador mais pede é um local para tomar banho. Eles também querem lavar a sua roupa. Nesse centro teremos chuveiro, tanque para lavar roupa, espaço para a realização da atividade física e uma quadra de futsal”, relatou. Ela destacou que por recomendaç­ão do Ministério Público a prefeitura irá centraliza­r o espaço para que as instituiçõ­es e organizaçõ­es religiosas e não governamen­tais para servir alimentaçã­o para o pessoal em situação de rua. “Como o local em que hoje são servidas as refeições ficam em espaços abertos e possuem muito sujeira, os moradores não têm espaço para lavar as mãos. Nesse centro, que ficará pronto nos próximos 30 dias, todas as instituiçõ­es podem servir as refeições no local”, afirmou.

 ?? Marcos Zanutto ?? Coordenaçã­o da Casa do Bom Samaritano fez readequaçõ­es para aumentar número de atendiment­os
Marcos Zanutto Coordenaçã­o da Casa do Bom Samaritano fez readequaçõ­es para aumentar número de atendiment­os

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil