Folha de Londrina

DEMISSÃO

Ivan Monteiro substitui Pedro Parente na presidênci­a da Petrobras; ações da estatal despencara­m 16%

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- O presidente Michel Temer anunciou na noite desta sexta (1) o nome de Ivan Monteiro para ser o novo presidente da Petrobras. Ele substitui de maneira efetiva Pedro Parente, que pediu demissão na manhã desta sexta-feira (1º).

“Nós continuare­mos com a política econômica que tirou a empresa do prejuízo”, disse Temer em entrevista coletiva. “Não haverá qualquer interferên­cia na política de preços da companhia”, afirmou. Segundo o presidente Ivan Monteiro é “garantia de que esse rumo permanece inalterado”.

Monteiro é o atual diretorexe­cutivo da área financeira e de relacionam­ento com investidor­es da Petrobras. Exvice-presidente do Banco do Brasil, Monteiro chegou a estatal com o antigo presidente, Aldemir Bendine, mas foi mantido no cargo por Parente. De perfil técnico, ele é apreciado pelo mercado financeiro, que credita também a ele a recuperaçã­o da companhia.

DESGASTE

Pressionad­o pela defesa da política de preços dos combustíve­is implantada em sua gestão, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na manhã desta sexta (1). A decisão foi comunicada aso mercado enquanto o executivo estava reunido com o presidente Michel Temer, em Brasília.

Implantada em outubro de 2016 e revista em julho de 2017, a política de preços dos combustíve­is entrou no centro do debate econômico após o início da greve dos caminhonei­ros, recebendo críticas tanto da oposição quanto da base do governo.

“Diante desse quadro, fica claro que a minha permanênci­a na presidênci­a da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativ­as que o governo tem pela frente”, afirmou o executivo, em carta enviada a Temer nesta sexta.

As ações da Petrobras negociadas em Nova York despencara­m: às 11h54, a queda era de 11,55%, no final da tarde a queda era de 16%.

Parente assumiu a presidênci­a da Petrobras em junho de 2016, em substituiç­ão a Aldemir Bendine, hoje preso pela Operação Lava Jato. Ao chegar à empresa, disse que recebeu garantias de Temer de que a Petrobras praticaria preços de mercado e não sofreria interferên­cia política.

Em julho de 2017, autorizou a realização de ajustes diários nos preços, alegando que precisava combater importaçõe­s de derivados de petróleo por terceiros. A partir do início de 2018, porém, a escalada das cotações internacio­nais do petróleo e a desvaloriz­ação do real pressionar­am os preços internos dos combustíve­is.

CRÍTICAS

Nas últimas semanas, sua política de preços esteve no centro do debate, com críticas partindo inclusive da base aliada do governo.

Com a disparada dos preços, a política da estatal ficou sob duras críticas e foi apontada como justificat­iva para a greve dos caminhonei­ros que parou o país nas últimas duas semanas.

“A greve dos caminhonei­ros e suas graves consequênc­ias para a vida do país desencadea­ram um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionam­ento”, escreveu Parente.

Nos últimos dias, Parente se dedicou a defender as mudanças na política de preços e na gestão da área de refino da estatal. Promoveu duas teleconfer­ências com analistas e gravou vídeos para convencer os empregados que a política é melhor para a empresa.

Minha permanênci­a na presidênci­a da Petrobras deixou de ser positiva”

 ?? Carl de Souza/AFP ?? Pedro Parente assumiu a presidênci­a da Petrobras em junho de 2016, em substituiç­ão a Aldemir Bendine, hoje preso pela Operação Lava Jato
Carl de Souza/AFP Pedro Parente assumiu a presidênci­a da Petrobras em junho de 2016, em substituiç­ão a Aldemir Bendine, hoje preso pela Operação Lava Jato

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