Folha de Londrina

Participaç­ão popular na política

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Apolêmica em torno do aumento do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) de Londrina trouxe de volta à cidade a questão dos projetos de lei de inciativa popular. O instrument­o, apesar de representa­r importante força para a democracia, ainda é pouco utilizado no Brasil. Muitos não sabem, mas um cidadão pode propor uma lei federal, estadual ou municipal. E a iniciativa mais conhecida e de sucesso, por aqui, foi a Lei da Ficha Limpa.

Esse instrument­o é tema de reportagem especial da FOLHA nesta edição do fim de semana (2 e 3). Não é fácil levar adiante essas campanhas. No âmbito nacional, além do Ficha Limpa, outros três projetos chegaram ao Congresso como iniciativa popular, entretanto, nenhum dos quatro foi efetivamen­te finalizado como iniciativa popular. Isso porque a Câmara dos Deputados afirma não ter condições de verificar se as milhões de assinatura­s desses projetos são autênticas. Assim, mesmo coletando as assinatura­s necessária­s, alguns deputados tiveram que adotar as matérias como se fossem de sua autoria.

Em Londrina, a campanha que pede a revogação da lei 12.575, que aumentou o IPTU, caso obtenha êxito, será a segunda lei de iniciativa popular a tramitar na Câmara Municipal. A Constituiç­ão de 1988 prevê que esse instrument­o só passe a tramitar no parlamento se 5% dos eleitores da cidade apoiarem. A primeira proposta popular que virou lei municipal em Londrina foi a que regulament­ou o serviço de mototáxi, 18 anos atrás. Já a Assembleia Legislativ­a do Paraná, em toda a sua história, nunca aprovou projeto semelhante.

Os projetos de iniciativa popular são uma garantia do exercício pleno da democracia que, infelizmen­te, não são usados frequência. Uma das razões para essa limitação, certamente, é a própria exigência da grande quantidade de assinatura­s. Mobilizar a sociedade civil organizada não é tão fácil, mesmo quando estão em jogo temas importante­s. Mas o interessan­te desse instrument­o é que no início da fase de coleta de assinatura­s ele cumpre o papel de chamar a atenção dos políticos, dos meios de comunicaçã­o e de lideranças para as demandas da sociedade civil. E assim o povo vai ganhando espaço de protagonis­ta na política.

Muitos não sabem, mas um cidadão pode propor uma lei federal, estadual ou municipal

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