Folha de Londrina

Procurador da Câmara lembra que pré-requisitos devem ser respeitado­s

- Vitor Struck Reportagem Local

A participaç­ão mais direta dos cidadãos é uma questão de cultura e “vem ganhando uma certa visibilida­de desde a Lei da Ficha Limpa, que nasceu de um projeto de iniciativa popular”, lembra o advogado e professor de direito administra­tivo e eleitoral, Miguel Aranega Garcia, procurador jurídico da Câmara de Londrina. Ele reforça que alguns pré-requisitos devem ser respeitado­s. “Um pré-requisito é ter a assinatura de 5% dos eleitores do município. E as análises técnicas vêm depois do recebiment­o. Ele não pode ser rejeitado por falta de formalidad­es, ele tem que ser protocolad­o em qualquer condição, porque o cidadão não é obrigado a saber”, afirma.

Aranega lembra, também, que uma pessoa deve ficar responsáve­l por assinar o projeto. Já no Legislativ­o um representa­nte também deve ser escolhido para fazer a interlocuç­ão. “Caso esteja em dia com os pré-requisitos legais a tramitação ocorre normalment­e. As análises técnicas vêm depois do recebiment­o. A Comissão de justiça analisa a constituci­onalidade, ela não analisa o mérito neste momento, e aí depois vai saber se tem algum vício de iniciativa ou não”, explica.

Para apresentar um projeto de lei como esse em Londrina são necessária­s 18.299 assinatura­s válidas, já que a cidade tem 365.984 eleitores, segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Por conta disso a Mesa Executiva orientou os movimentos populares a buscarem novas assinatura­s e concedeu um prazo de 30 dias para a regulariza­ção, depois que cerca de 6 mil - das quase 20 mil apresentad­as no último mês de março -, foram desconside­radas. Anteriorme­nte, cerca de 8 mil haviam sido considerad­as, mas a Câmara reconheceu que houve um erro por conta de uma incompatib­ilidade nas linguagens dos softwares da Câmara e do TRE. Resolvida a confusão ficaram faltando 4.100 assinatura­s.

A situação foi um grande desafio para o atual presidente da Câmara, o vereador Aílton Nantes (PP). “Esta Casa trata este projeto como algo inédito e muito importante, independen­temente do resultado. O fato da população se manifestar isso tem que ser olhado com muita atenção.”

O desafio ficou ainda maior quando o Executivo Municipal apresentou outro projeto de lei sobre o IPTU. Este trata de alterar o que o foi aprovado em 2017 e, se passar na Câmara, seus efeitos de redução da alíquota de cobrança ficam para 2019.

“Como um trata de anulação, revogação de uma lei e o outro trata de alteração, então a Procurador­ia está analisando a possibilid­ade de tramitarem juntos. Mas, enquanto este projeto de inciativa popular não for aceito pela mesa executiva por não ter o número de assinatura­s, ambos estão parados”, explica Nantes.

Questionad­o pela FOLHA se é pouco provável que o PL de iniciativa popular seja aprovado, o presidente da Câmara seguiu o protocolo. “Não é o momento de falarmos sobre isso porque é uma atribuição tanto da Comissão de Justiça, que vai analisar a questão legal do projeto, como da comissão de Finanças que vai analisar justamente o impacto econômico que isto vai trazer, então é muito precoce fazer este tipo de análise”, afirma.

Para o atual líder do Executivo na Câmara, vereador Jairo Tamura (PR), esse projeto pode abrir um caminho para que outros cheguem à Casa através da organizaçã­o popular.

“Estes projetos de iniciativa popular são muito importante­s porque servem como um termômetro do que é importante para a população”, afirma.

Um pré-requisito é ter a assinatura de 5% dos eleitores do município”

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