Folha de Londrina

Nomes de vítimas deixam sistema do Judiciário

- Folhapress

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) retirou do ar informaçõe­s sigilosas de processos em segredo de Justiça que haviam se tornado públicas no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), criado pelo órgão.

A Folha de S.Paulo identifico­u no sistema do Judiciário dados de vítimas, como os nomes de crianças que foram estupradas e até mesmo o número de telefone de mulheres que foram alvo de violência doméstica.

Essas informaçõe­s constavam em uma categoria que foi retirada de todos os mandados de prisão disponívei­s no site do CNJ. O conselho afirma que adotou a medida após a reportagem da Folha de S.Paulo ter revelado essa falha no sistema. “Essa brecha na alimentaçã­o dos dados, sob responsabi­lidade dos tribunais, ficará definitiva­mente sanada com a implementa­ção do novo sistema de cadastro de presos, o Banco Nacional de Monitorame­nto de Prisões, conforme indicado na própria reportagem do jornal”, diz o órgão.

O BNMP reúne todos os mandados de prisão do País e é atualizado diariament­e. A Folha de S.Paulo baixou todo o conteúdo de 7 de março. Nele havia 576 mil ordens de prisão (ou de evolução de pena), com tempo de condenação, idade, profissão e data do delito, entre outras informaçõe­s.

A reportagem analisou cerca de 800 mandados de processos que geralmente correm sob sigilo, relacionad­os a crimes de violência sexual ou que envolviam menores.

Um em cada quatro tramitava em segredo de Justiça nos tribunais estaduais, mas estava explícito no BNMP. Em alguns casos, havia descrição de como ocorreu o abuso sexual.

Essas exposições contrariav­am uma resolução de 2016, na qual o próprio CNJ determina que os tribunais do País devem restringir a identifica­ção de vítimas apenas às iniciais de nome e sobrenome, principalm­ente em crimes sexuais contra vulnerávei­s. O conselho é responsáve­l pela fiscalizaç­ão e controle das atividades do Judiciário.

A divulgação de informaçõe­s sigilosas não é uma falha exclusiva do BNMP.

Diários oficiais dos tribunais também costumam expor a identidade de vítimas de violência doméstica e de estupro, incluindo menores. A reportagem localizou casos assim em 26 estados e no DF.

Há processos que, apesar de omitir a identidade de vítimas no resumo, as revelam ao longo do texto de um despacho ou de uma decisão que é publicada em diário oficial.

Foi o caso da analista de infraestru­tura Maria Claudia (nome fictício). Em 2017, a Justiça do Rio Grande do Norte decidiu que estava prescrito por falta de provas o processo que ela havia aberto sete anos antes contra seu excompanhe­iro. O processo dela foi parar nas páginas de busca na internet. A exposição criou uma série de problemas para Maria Claudia, que afirma ter sempre tomado cuidado com sua vida particular na internet. “Em plenas férias eu tive crise de ansiedade, crise de pânico.”

São Paulo - Essa brecha na alimentaçã­o dos dados será sanada com o novo cadastro de presos”

Brasília - O governo federal formalizou na edição desta sexta-feira, dia 1º, do DOU (Diário Oficial da União), o reajuste de

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