Folha de Londrina

Líder socialista assume governo após derrotas

- (D.B.)

Madri - Pedro Sánchez é um sobreviven­te. Perdeu as eleições nas duas vezes em que concorreu, amargou resultados historicam­ente ruins, foi expulso da liderança do próprio partido - e conseguiu por fim assumir o cargo de primeiro-ministro espanhol nesta sextafeira (1°).

Nascido no subúrbio

madrilenho de Tetuán, espichado em 1,90 metro de altura, Sánchez, 46, foi das quadras de basquete às classes de economia, uma disciplina que lecionou depois de ter estudado em Bruxelas. Ele se filiou ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) em 1993.

Foi uma veloz carreira política, com uma passagem como conselheir­o na Prefeitura de Madri. Sánchez se elegeu deputado em 2009 e inesperada­mente se tornou o líder socialista quando seu partido decidiu realizar pela primeira vez as suas eleições

primárias em 2014.

Os resultados, no entanto, não foram auspicioso­s. Nas eleições de 2015, conseguiu apenas 90 cadeiras. Quando o país voltou às urnas em 2016, o número caiu para só 85. As cifras historicam­ente ruins - eram 110 assentos antes de ele assumir- fizeram com que a sua liderança fosse contestada. Ele foi temporaria­mente retirado pelos próprios companheir­os da chefia socialista, e parecia estar liquidado.

Sánchez manobrou a sigla, no entanto, e voltou ao poder nas primárias de 2017 com o

apoio da base. Quando viu o governo do ex-premiê conservado­r Mariano Rajoy ruir sob um escândalo de corrupção na semana passada, encontrou sua oportunida­de: imediatame­nte apresentou uma moção de censura, recolheu votos a favor e derrubou seu rival.

Sua gestão carregará a suspeita de ter sido oportunist­a, algo verbalizad­o pelo próprio Rajoy na quinta-feira (31) -o conservado­r disse que Sánchez manobrou o Congresso por não ter chances nas urnas. O número três do PP, Fernando Martínez-Maillo,

afirmou recentemen­te que o socialista entrará para a história como um Judas.

Sánchez também terá o desafio de governar sem uma maioria parlamenta­r (tem 84 cadeiras, em um total de 350), e as perspectiv­as são de que convoque novas eleições já durante os próximos meses. Até que seu breve mandato chegue ao fim, tentará reverter a baixa popularida­de do partido antes de voltar às urnas - onde, segundo as pesquisas correntes, perderá uma outra vez.

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