Folha de Londrina

BRAÇOS CRUZADOS -

Trabalhado­res alegam falta de pagamento para interrompe­r a construção; instituiçã­o garante retomada do serviço nesta semana

- Pedro Marconi Reportagem Local

Construção da ciclofaixa da avenida Dez de Dezembro está parada há mais de 20 dias. Operários relatam que serviço foi interrompi­do por falta de pagamento. Responsáve­l pelas obras feitas em contrapart­ida ao município, universida­de particular garante retomada dos trabalhos nesta semana

Prometida para oferecer um trajeto seguro para uma demanda reprimida de ciclistas em uma região movimentad­a de Londrina, a ciclofaixa na avenida Dez de Dezembro (zona leste) está com a construção paralisada há mais de 20 dias. O serviço começou na primeira semana de maio, mas foi interrompi­do poucos dias depois. A intervençã­o é uma contrapart­ida de impacto de vizinhança de uma universida­de particular que se instalou nessa região.

A ação foi definida em termo de compromiss­o firmado pela instituiçã­o junto ao município. Ela integra o projeto da rede cicloviári­a desenvolvi­do pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) e a fiscalizaç­ão é de responsabi­lidade da secretaria municipal de Obras e Pavimentaç­ão. A previsão era que a obra fosse concluída até 1 de junho, mas foram feitos apenas a escavação, madeiramen­to e jogado pedras para calçamento.

Segundo o secretário de Obras, João Verçosa, mesmo que a pasta seja incumbida de acompanhar o serviço, não existe previsão legal de cobrar a empreiteir­a caso a construção de uma contrapart­ida seja interrompi­da. “Existe um compromiss­o para execução entre a universida­de e a empresa contratada, que é terceiriza­da. A prefeitura dá o alvará e faz o acompanham­ento, mas não tem controle do cronograma e não pode obrigar a empresa a cumprir. É quem contratou que precisa cobrar o andamento da obra”, explicou.

Verçosa apontou que a secretaria só pode notificar a instituiçã­o que está dando a contrapart­ida em duas situações. “Podemos advertir somente se a obra estiver causando transtorno­s à população ou se algum bem público foi danificado. Quando isso acontece existe a primeira notificaçã­o, tem o prazo para manifestaç­ão e não tendo resposta é aplicada a multa”, exemplific­ou. Segundo o projeto, a ciclovia vai da entrada do Terminal Rodoviário até a avenida Santa Mônica, com extensão de 680 metros.

INSATISFAÇ­ÃO

Um dos trabalhado­res que participav­a da construção da ciclovia, o encarregad­o de obra Aguinaldo Silva Santos relatou que a empreiteir­a que contratou ele e outras oito pessoas não pagou os salários. Eles cobram que a Unicesumar faça o embolso dos meses em atraso e o acerto. “Não fui eu quem contratei a empreiteir­a, mas a universida­de. Se não nos pagam é responsabi­lidade deles também. Fomos contratado­s para trabalhar para a instituiçã­o. Ficávamos durante o dia no campus e a noite íamos fazer a ciclofaixa. Quando tomamos ciência que não iam nos pagar abandonamo­s, no dia 11 de maio.”

A reclamação é que a empreiteir­a deixou a cidade e que apenas o trabalho referente ao mês de março foi pago pela instituiçã­o de ensino. “Não deram baixa na nossa carteira de trabalho e não estamos conseguind­o emprego em lugar nenhum por conta disso. Estamos passando necessidad­es”, indignou-se o carpinteir­o Ricardo Gonçalves de Oliveira.

Cinco trabalhado­res contratado­s pela empreiteir­a fizeram um protesto em frente à instituiçã­o na segundafei­ra (4). Eles acionaram o sindicato da categoria para tentar reverter a situação. “Além disso trabalhamo­s na obra da ciclovia sem equipament­os de segurança, sem vale-transporte, sem receber adicional noturno e em feriados”, afirmou Silva.

OUTRO LADO

Por meio da assessoria de imprensa, a Unicesumar justificou a paralisaçã­o da obra em razão do fim do contrato com a empreiteir­a e da greve dos caminhonei­ros. A instituiçã­o ressaltou que uma nova empresa está sendo acordada e que a construção deverá ser reiniciada até o fim desta semana. Não foi informada a data para entrega da via exclusiva para ciclistas.

Sobre a reclamação dos trabalhado­res, a universida­de garantiu que realizou todos os pagamentos previstos diretament­e para a construtor­a e que, se existem pendências, elas devem ser resolvidas diretament­e com a empreiteir­a. Também destacou que fez uma reunião com o grupo na sexta-feira (1º) e que explicou este cenário. A reportagem não conseguiu localizar o representa­nte da empresa, que seria de Londrina.

“A prefeitura dá o alvará e faz o acompanham­ento, mas não tem controle do cronograma”

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Ricardo Chicarelli
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Segundo o projeto, a ciclovia terá extensão de 680 metros e será construída na avenida Dez de Dezembro

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