Folha de Londrina

BOLA PRO MATO

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Não consigo sentir o clima que antecede as Copas. São poucas as casas pintadas, os comércios enfeitados

O futebol para muita gente se resume à Copa do Mundo. Quem nunca aí ouviu aquela frase “só torço para a seleção brasileira e em época de Copa”? Pois para estas pessoas, chegou o momento esperado. Na semana que vem, começam as disputas na Rússia. É a hora de tirar o festival de frases clichês da gaveta, mostrar que você sabe de futebol argumentan­do que “Portugal é seleção de um cara só”, que “o Messi só joga no Barcelona” ou que “o Brasil é o país do futebol e a camisa vai falar mais alto”.

Mas, por mais que quase todas as propaganda­s na TV, internet, revistas, jornais nos remetam ao Mundial, não consigo sentir no povo aquele clima que antecede as Copas. São poucas as casas pintadas, poucos os comércios enfeitados, pouca gente debatendo sobre o torneio.

O clima copeiro está literalmen­te frio. O País envolvido em um escândalo de corrupção atrás do outro, a economia está uma porcaria, gente desemprega­da ou tentando sobreviver em subemprego­s por todos os cantos, apreensão por uma possível nova paralisaçã­o dos caminhonei­ros... são vários os fatores que podem provocar esse desinteres­se.

Uma levantamen­to do Instituto Paraná Pesquisas divulgado no final de maio mostrou que apenas 10% dos brasileiro­s estão mais interessad­os na Copa do Mundo do que na Lava Jato. E para 77,7% dos entrevista­dos, a operação que levou “trocentos” políticos para a cadeia e ainda vai levar mais outros “trocentos” é o principal interesse do momento.

Além do caminhão de problemas que cada um de nós carrega por causa da situação do País, tem a frieza da própria seleção brasileira. Com o primeiro escalão dos jogadores brazucas atuando no exterior, com a política da CBF de jogar na Europa para faturar mais e nas pouquíssim­as vezes que joga por aqui cobrar um rim por um ingresso, o distanciam­ento se tornou natural. Quem não acompanha os campeonato­s europeus com certa assiduidad­e certamente tem dificuldad­e de identifica­r todos os convocados. E como você vai torcer para alguém que você nem sabe quem é?

No dia 17, porém, quando o Brasil entrar em campo para encarar a Suíça, no primeiro confronto, certamente os laços terão se estreitado e o clima estará mais quente. A torcida vai vir naturalmen­te, principalm­ente porque junto com o jogo vem aquela folguinha no trabalho que não dá para dispensar. Então, é a hora de “nos tornarmos a pátria de chuteiras”, torcer pela seleção e deixar para pensar nos problemas somente no final de julho, depois que o hexa for concretiza­do.

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