Folha de Londrina

LEITURINHA

“As Peripécias do Jabuti”, obra infantil de Daniel Manduruku, resgata histórias indígenas em que o jabuti simboliza a paciência e a perseveran­ça

- Marcos Losnak Especial para a Folha2

Em “As Peripécias de Jabuti”, Daniel Munduruku resgata histórias indígenas de paciência e perseveran­ça

No mundo real, o mais forte e o mais rápido sempre vencem o mais fraco. No mundo das fábulas e lendas nem sempre isso é verdade. A inteligênc­ia e a esperteza do mais fraco podem vencer tranquilam­ente a força bruta.

Os indígenas do Brasil possuem centenas de histórias, fábulas e lendas onde o mais fraco, utilizando a cabeça, consegue vencer o mais forte. Três delas estão reunidas em “As Peripécias do Jabuti”, obra infantil do escritor paraense Daniel Munduruku publicado pela editora Mercuryo.

Ilustrado por Ciça Fittipaldi, o livro traz três histórias de origem indígena protagoniz­adas por um bicho tipicament­e brasileiro: o jabuti. Considerad­o um animal lento e fraco, na verdade se revela símbolo da paciência, da sabedoria e da perseveran­ça.

Em “O Jabuti e o VeadoCatin­gueiro”, o veado se achava o cara mais rápido e esperto da floresta. Vivia caçoando do jabuti, que considerav­a o grande lerdo da pasmaceira. Para se vangloriar de sua força e agilidade, propõe uma corria ao jabuti, que aceita mesmo sabendo da previsível derrota.

Matutando uma saída, o jabuti conversa com outras dezenas de sua espécie e elabora um plano. Cada jabuti deve ficar espalhado ao longo do trajeto da corrida. A jogada está em fazer o veado pensar que se trata do mesmo jabuti que, toda vez que é ultrapassa­do, reaparece logo em seguida na dianteira até a linha de chegada.

Em “O Jabuti e a Onça”, uma onça com fome encontra pelo caminho um jabuti tocando flauta. Na música, o jabuti brinca que sua flauta foi feita de osso de onça. Irritada com a provocação, o felino tenta mastigar o jabuti, mas ele entra num buraco e por lá fica, tocando flauta e cantando.

Na espera que o jabuti saia do buraco um dia, a onça acaba morrendo de fome. Então o jabuti, finalmente deixa a toca e, com os ossos da falecida, faz uma flauta realmente de osso de onça.

Vale lembrar que histórias, lenda e fábulas da tradição oral indígena possuem várias versões, dependendo da região e da etnia. As aventuras dos jabutis são contadas e recontadas de formas e maneiras diferentes, mas com a figura do jabuti sempre simbolizan­do a paciência, a calma, a perseveran­ça e a sabedoria.

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Fotos: Reprodução

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