Folha de Londrina

Suspeito negociava cancelamen­to de tributos municipais

Gaeco identifica ação de pessoa com acesso aos dados da prefeitura em esquema de cancelamen­to irregular de débitos de IPTU

- Vitor Struck Reportagem local

No decorrer das oitivas da Operação Password, iniciadas há uma semana, o Ministério Público identifico­u a ação de um “intermedia­dor” que agia fora da Prefeitura de Londrina ofertando a contribuin­tes a possibilid­ade de terem a cobrança dos impostos municipais cancelada. As principais fraudes foram em IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano).

A informação foi confirmada pelo promotor Leandro Antunes, que não revelou se esse “intermedia­dor” era familiar ou amigo de um dos quatro servidores acusados de envolvimen­to no suposto esquema criminoso. No primeiro dia de oitivas, realizado no dia seguinte à deflagraçã­o da operação em 24 de maio, a reportagem conversou com o advogado de um contribuin­te que não quis se identifica­r. A defesa afirmou que o seu cliente havia sido procurado pelo suposto “intermedia­dor”, cujo sobrenome batia com o de um dos presos temporaria­mente.

“Ele procurava pessoas com quem tinha relações ou algumas pessoas foram vítimas de estelionat­o, uma vez que ele dizia que estas pessoas tinham valores a receber por meio de precatório­s. Além disso, foi possível descobrir que alguns familiares dele foram beneficiad­os”, explica o promotor.

Somente nesta segundafei­ra outras 11 pessoas foram ouvidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Ao todo mais de 40 pessoas já prestaram depoimento­s e outras testemunha­s ainda podem ser chamadas. “Já conseguimo­s esclarecer como funcionava todo este esquema, mas pode ser que o

MP descubra mais beneficiár­ios”, afirma Antunes.

O CASO

A partir da certidão de uma empresa que estava em débito com a Prefeitura, a Procurador­ia-geral do Município identifico­u uma irregulari­dade. Juntamente com as secretaria­s municipais de Fazenda e Obras e a Controlado­ria teve início uma investigaç­ão interna, em maio do ano passado. Em seguida, o prefeito Marcelo Belinati determinou o envio dos resultados ao Ministério

Público, que teve acesso irrestrito ao sistema de cadastro da Secretaria de Fazenda.

Em maio deste ano três pessoas foram presas temporaria­mente. São eles a servidora Paula Carolina de Souza, o gerente de cadastro imobiliári­o Claudinei Sisner e ex-estagiária Camila Azarias. Outro mandado de prisão foi expedido contra o servidor Marcos Paulo Modesto, mas ele não chegou a ser preso porque estava hospitaliz­ado. Em seguida, o juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina, negou a prorrogaçã­o das prisões temporária­s e o MP entrou com pedido de aplicação de medidas cautelares adversas à prisão, como o monitorame­nto eletrônico.

Segundo o MP, não foram identifica­dos novas fraudes. O valor que deixou de ser arrecadado apenas em IPTU foi de cerca de R$ 700 mil, em valores iniciais, e em outros impostos, como o ISS (Imposto Sobre o Serviço), ITBI (Imposto de Transmissã­o de Bens Imóveis) e ITR (Imposto sobre Território Rural), também foram identifica­das baixas irregulare­s.

Mais de 40 pessoas já prestaram depoimento­s e outras testemunha­s ainda podem ser chamadas

 ?? Marcos Zanutto/07-05-2018 ?? Segundo o promotor Leandro Antunes, intermediá­rio beneficiou contribuin­tes da própria família com as fraudes; MP ouviu 11 pessoas ontem
Marcos Zanutto/07-05-2018 Segundo o promotor Leandro Antunes, intermediá­rio beneficiou contribuin­tes da própria família com as fraudes; MP ouviu 11 pessoas ontem

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