Folha de Londrina

MP denuncia vereador e mais seis por desvio de verbas em São Jerônimo

- Rafael Machado Grupo Folha

O Ministério Público de São Jerônimo da Serra, no Norte Pioneiro, ofereceu denúncia contra o presidente afastado da Câmara Municipal da cidade, Gilmar Rocha, e mais seis pessoas, dentre contadores e uma servidora comissiona­da do Legislativ­o, por associação criminosa, peculato (quando o funcionári­o público apropria-se de dinheiro ou valor em razão do cargo) e falsidade ideológica, além de outros crimes, em virtude da Operação Rei de Paus, que investiga a suposta realização de serviços particular­es com verbas do Legislativ­o do município.

Por causa da apuração, deflagrada no final de maio com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) de Londrina e Ponta Grossa para cumpriment­o de mandados de busca e apreensão, Rocha foi afastado da presidênci­a da Câmara. Ele chegou a ser preso em flagrante por posse irregular de munições de armas de fogo. Rocha e os dois sócios da empresa contábil contratada pela Casa foram proibidos pela Justiça de acessar prédios públicos, além de outras medidas cautelares.

Como ocupava a função máxima na Câmara, o presidente afastado tinha as senhas para movimentar a conta bancária do Legislativ­o. Segundo o promotor Danilo Leme, autor da denúncia, o outro acesso era de responsabi­lidade do vereador Ivan Cordeiro, que, por morar em um distrito de São Jerônimo da Serra, teria repassado a permissão eletrônica aos contadores e a Gilmar Rocha. Os profission­ais contratado­s pela Câmara foram incumbidos de dar legalidade aos desvios, ocultando assim detalhes das movimentaç­ões financeira­s nos relatórios contábeis.

ANTENA

Conforme o MP, a dupla agiu em consenso com Rocha para praticar as irregulari­dades, que teriam ocorrido entre janeiro de 2017 e maio deste ano. Assim que a investigaç­ão foi iniciada, o presidente afastado da Câmara teria realizado reuniões com outros parlamenta­res para “cobrir os valores” desviados. A denúncia narra que a primeira transferên­cia bancária indevida, orçada em R$ 230, foi usada para pagar a instalação de uma antena parabólica na casa de Gilmar Rocha.

Outro fato foi a emissão de uma nota fiscal falsa que, em tese, comprovava a venda de um CPU e manutenção de uma impressora pertencent­e à Câmara de São Jerônimo da Serra. Os serviços de R$ 280, no entanto, não foram prestados. As situações se sucederam por pelo menos 17 vezes, totalizand­o um desvio de mais de R$ 59 mil dos cofres públicos. O Ministério Público constatou que o presidente da Câmara recebia o salário dobrado. Os contadores envolvidos no possível esquema agendavam o pagamento dos servidores e vereadores, mas não cancelavam a marcação prévia.

O promotor Danilo Leme atestou ainda mais desvios entre novembro do ano passado e maio de 2018. Segundo as investigaç­ões, Gilmar Rocha teria recebido quase R$ 8 mil da Câmara, mas este direcionam­ento contábil não era formalizad­o em notas de empenho ou qualquer outro documento que comprovass­e a movimentaç­ão. Os sete denunciado­s não haviam constituíd­o advogados.

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