Folha de Londrina

Brasil defende suspensão da Venezuela na OEA

Organizaçã­o pode punir Caracas por suposto desrespeit­o à Carta Democrátic­a Interameri­cana

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Estelita Hass Carazzai Folhapress Washington -

Em sua assembleia anual, iniciada nesta segunda-feira (4) em Washington, nos Estados Unidos, a OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) pode votar pela suspensão da Venezuela da entidade, por desrespeit­o à Carta Democrátic­a Interameri­cana e pela falta de legitimida­de das eleições presidenci­ais realizadas no mês passado - o que aumentaria a pressão internacio­nal sobre o regime do ditador Nicolás Maduro.

O Brasil é um dos países que apoiam a suspensão, como declarou o ministro Aloysio Nunes, que chefia a delegação brasileira na OEA. “A Venezuela subscreveu esse compromiss­o [com a democracia]. E subscreveu livremente, assim como o Brasil. Então, isso não pode ficar letra morta”, afirmou o chanceler à imprensa, na manhã desta segunda. “Na medida em que a Venezuela descumpre esse compromiss­o, que é fundamenta­l, não há alternativ­a a não ser a suspensão.”

Para Nunes, o regime Maduro tem caracterís­ticas de um governo que não é democrátic­o, como a falta de liberdade de imprensa, ausência de liberdade de organizaçã­o política e perseguiçã­o da oposição.

A libertação de 20 presos políticos pela Venezuela neste domingo (3), às vésperas da assembleia da OEA, demonstra “uma tendência no rumo da descompres­são política”, segundo o ministro brasileiro, mas não é suficiente para alterar o posicionam­ento do Brasil contra Caracas - e não anula o descumprim­ento à Carta Democrátic­a, em sua opinião.

A Carta Democrátic­a Interameri­cana foi criada em 2001 para assegurar o funcioname­nto das democracia­s dos membros da OEA. Em seu artigo 21, ela prevê a possibilid­ade de suspensão em caso de descumprim­ento com esses princípios.

Os EUA, que também são favoráveis à medida, afirmaram que têm dois terços dos votos dos 35 membros em favor de uma resolução que não reconheça o resultado das eleições venezuelan­as. Seria o primeiro passo para votar a suspensão da Venezuela da organizaçã­o. Na prática, porém, uma suspensão não traria efeitos significat­ivos dentro da OEA, já que o regime de Maduro já está em processo de afastament­o da entidade desde o ano passado.

Os EUA, Canadá e um grupo de países críticos ao regime de Maduro já tentaram votar a suspensão da Venezuela no ano passado, mas não conseguira­m os dois terços necessário­s dos votos. Parte dos membros se mantém fiel ao regime venezuelan­o, em especial os países com afinidade ideológica, como a Bolívia, ou que recebem petróleo venezuelan­o subsidiado, como um grupo de nações do Caribe.

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