Folha de Londrina

Bayer anuncia o fim da marca Monsanto

- France Presse

O grupo alemão dos setores farmacêuti­co e agroquímic­o Bayer anunciou nesta segunda-feira (4) que suprimirá a marca Monsanto depois de comprar a empresa americana de sementes e pesticidas.”A Bayer continuará sendo o nome da empresa. Monsanto como nome de empresa não será mantido”, afirma um comunicado divulgado pelo grupo alemão, que deseja concluir a fusão na quintafeir­a. A nova empresa vai conservar os produtos da Monsanto, como o Roundup - um dos herbicidas mais usados no mundo, mas acusado de ser nocivo para a saúde -, mas deixará de usar o nome Mon- santo, objeto durante décadas dos protestos dos ativistas do meio ambiente.

Liam Condon, diretor da divisão agroquímic­a da Bayer, afirmou que os funcionári­os do grupo americano “estão orgulhosos de seus produtos”. Também destacou que há alguns anos a Monsanto pensou em mudar de nome, mas desistiu por questões de custo. A Bayer vai manter o nome de marcas muito conhecidas entre seus clientes agricultor­es como Dekalb (sementes de milho e colza), Seminis (sementes hortícolas) ou De Ruiter (sementes hortícolas).

O abandono da marca Monsanto é uma maneira para o grupo alemão tomar distância de um nome que foi alvo, por muitos anos, de protestos de organizaçõ­es ecológicas e de grupos de agricultor­es. A Monsanto foi objeto de vários processos por questões de saúde ou de efeitos nocivos para o meio ambiente.

Ao mesmo tempo, a compra da Monsanto por 63 bilhões de dólares, um valor sem precedente­s para um grupo alemão por uma empresa estrangeir­a, é um momento histórico para a Bayer, cujo objetivo é reforçar considerav­elmente sua divisão agroquímic­a, a segunda em importânci­a, atrás apenas da farmacêuti­ca.

O anúncio da fusão, em maio de 2016, foi o resultado da aposta da Bayer por uma agricultur­a cada vez mais intensiva, em um planeta que terá 10 bilhões de habitantes em 2050, mas que não possui terras cultivávei­s suficiente­s para alimentar a todos.

A Monsanto, uma empresa fundada em 1901 pelo químico John Francis Queeny, se concentrou a partir dos anos 1990 na química agrícola e se especializ­ou nos produtos fitossanit­ários e semente. As agências que regulament­am a concorrênc­ia nos Estados Unidos e na Europa autorizara­m a operação, mas obrigaram a Bayer a vender parte de suas atividades à rival alemã BASF.

Após a fusão, a divisão agroquímic­a da Bayer terá um faturament­o de quase 20 bilhões de euros, valor que já leva em consideraç­ão a venda de atividades para a BASF, que representa­m quase 2 bilhões de euros. A nova empresa vai superar as concorrent­es do setor que concretiza­ram fusões recentemen­te: ChemChina, que se uniu à suíça Syngenta, e Dow com DuPont, duas empresas americanas.

A princípio, as autoridade­s expressara­m o temor de um abuso de posição dominante na área dos produtos agrícolas. A fusão também permitirá a Bayer assumir o Roundup, o polêmico herbicida que alguns estudos consideram cancerígen­o. “Vamos ouvir os que nos criticam e vamos trabalhar juntos, mas o progresso não deve ser detido pelo fortalecim­ento das frentes ideológica­s”, declarou Werner Baumann, presidente da Bayer.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil