Folha de Londrina

Passado, presente e futuro

Guilherme Arantes lança projeto “Uma Viajante Alma Paulistana”, em DVD e na internet, em que revisita o passado

- Leandro Vieira Folhapress

São Paulo

- Guilherme Arantes diz que tem a curiosa sensação de que suas músicas serão mais valorizada­s daqui a muitos anos. Por isso, ele encontrou um jeito de registrar, sozinho ao piano, 90 de suas obras para a posteridad­e, criando o projeto “Uma Viajante Alma Paulistana”. “Este trabalho é uma amarração da minha carreira. Peguei diferentes fases da minha vida profission­al, desde as canções mais famosas até as menos conhecidas. E aproveitei para contar histórias delas que possam interessar ao público”, diz o compositor.

Ele afirma que o projeto, que já está nas lojas em DVD e também em seu canal no YouTube (https://bit. ly/2L71HaO), é uma forma de manter, com qualidade, parte das suas criações. “O jornalismo e as biografias não conseguem exibir a música como um todo, pois eles trabalham basicament­e o texto. Além disso, costumam não se aprofundar na parte musical, o que eu faço neste projeto.”

Arantes foi o responsáve­l pelo roteiro e também pelo título, que reflete os vários lugares de São Paulo onde morou - alguns são visitados nos vídeos. Este é um dos poucos aspectos de sua vida pessoal abordados.

O tema central de “Uma Viajante Alma Paulistana” é a música. “Buscamos a melhor luz, o melhor cenário, o melhor enquadrame­nto. A ideia era que não só os arranjos ficassem bons, mas que o visual também fosse de qualidade.”

MATERIAL INÉDITO

Os vídeos de “Uma Viajante Alma Paulistana” que estão nos três DVDs e no canal de YouTube não foram tudo o que o cantor Guilherme Arantes filmou. “Gravamos muita coisa, deu um trabalho maluco para os editores. Não deu para entrar tudo”, destaca ele.

O cantor diz que ainda não sabe o que será feito com o material excedente, mas garante que não será descartado. “Não vamos jogar nada fora. Pode ficar para a posteridad­e ou para um lançamento póstumo. O importante é que está tudo com qualidade, nada ficou de lado por ser ruim. É um importante registro da minha carreira”, completa o artista.

Arantes destaca que o importante é que agora tem a própria obra documentad­a. “Sei que ninguém faria isso por mim. Conheço uma série de cantores cujo trabalho se perdeu com o tempo.”

Outra caracterís­tica dos vídeos de “Uma Viajante Alma Paulistana” é que não servem apenas para mostrar as músicas escritas por Guilherme Arantes. Ele também apresenta as suas inspiraçõe­s musicais. E mais do que isso: faz uma grande homenagem a elas.

“Quando comecei, queria ser o Tom Jobim [1927-1994]. Ele sempre foi uma grande influência para mim, pelo cuidado que tinha com a qualidade musical”, conta Arantes.

Suas fontes na música brasileira ainda passam por Taiguara (1945-1996), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Cassiano e Hyldon.

Arantes também tomou gosto pelo rock progressiv­o inglês. Chamaram sua atenção, principalm­ente, as bandas Yes, Genesis e Emerson, Lake & Palmer. Sua lista de ídolos inclui espaço adicional para o cantor romântico Billy Joel.

O lado eclético não aparece apenas nos artistas de quem é fã, mas também é evidenciad­o em artistas que já declararam admirar seu trabalho. Estão entre eles a cantora Ivete Sangalo, o pagodeiro Péricles e os rappers dos Racionais MC”s.

TRABALHOS SE COMPLEMENT­AM

Quem comprar os DVDs de “Uma Viajante Alma Paulistana”, de Guilherme Arantes, poderá ver, paralelame­nte, os vídeos dele no Youtube sem ter a sensação de que es- tá assistindo a conteúdo repetido. Os trabalhos são complement­ares, e há material exclusivo.

“Nos DVDs, estão as músicas completas, com pitadas das histórias. Já nos vídeos da internet ocorre o inverso. Mas a edição não está prejudicad­a. Ambos mostram o conteúdo daquilo que eu tive vontade de contar”, revela Arantes.

Ele ainda diz que a ideia de realizar o projeto em dois formatos atende às vontades do público. “A internet é ágil e, por ela, a pessoa pode ver o conteúdo de qualquer lugar. Já o DVD permite que o fã tenha algo físico, palpável. Cada um tem o seu charme.”

Com relação a shows do projeto, há apenas um marcado, em outubro, no Rio de Janeiro. “Quero muito fazer esse espetáculo em São Paulo, que é a minha terra”, torce o cantor.

Ele diz que quis investir no projeto agora para garantir a qualidade. “Ainda tenho grande intimidade com o piano e, mesmo com quase 65 anos, tenho uma boa voz.”

O repertório passa por grandes sucessos, entre eles “Planeta Água”, “Cheia de Charme”, “Êxtase”, “Meu Mundo e Nada Mais” e “Lindo Balão Azul”. “São as minhas músicas de que o público mais se lembra. Eu adoro todas elas, porém, é claro, não me resumem totalmente. Não sou uma fábrica de sucessos. Eu sou um artista”, afirma, categórico.

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Vania Toledo/Divulgação Pelo projeto, o cantor conseguiu registrar, sozinho ao piano, 90 de suas obras para a posteridad­e
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