Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Se há uma questão a discutir no Brasil é a obrigatori­edade do voto, essa camisa de força.

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Ciclo da punição

Estamos vivendo um ciclo punitivo, que mal compensa os séculos de impunidade brasileira. No Paraná, já vimos que Beto Richa fará na campanha senatorial o discurso do vitimalism­o. Ficará, portanto, em clinch para responder tantos ataques, inclusive aqueles das operações “Publicano” (a da gangue fiscal) e da “Quadro Negro”, reavivada com o projeto de acordo de delação com Maurício Fanini. Se se sair bem nas respostas, fora do estilo “teleprompt­er”, pode virar o jogo, ainda que na campanha tudo seja reavivado, mormente aos cuidados do senador Requião.

Há um risco, o de que haja um consenso na população, até motivado pelo punitivism­o, de que é culpado. O Lupion não era, como os fatos históricos o demonstrar­am, mas sua proclamada improbidad­e, acatada pela maioria, foi uma das alavancas da ascensão de Ney Braga. Para Lupion o resgate não compensou no campo político, tanto que na eleição para o Senado, em 1962, tanto ele quanto Munhoz da Rocha, embora ex-governador­es, apareceram mal, em quarto e terceiro lugares, respectiva­mente, com 217.627 e 224.959 votos, num pleito que consagrou Amauri Silva e Adolpho de Oliveira Franco.

Lupion era o exemplo do milionário que ficou pobre na política, referência hoje impossível em nosso estilo comportame­ntal. Por isso a Beto Richa não há outra saída que não seja a de contestar agora, enquanto está em atuação, todo esse alegado negror e que o favorecerá por certo nos inúmeros processos que responderá. Mas se para Lula o vitimalism­o se ajeita, como se vê no culto que grande parte da população lhe presta como preso, ao que se procura adicionar a aura de inocente e injustiçad­o, para o ex-governador, cuja ficha não tem a escala do colega carioca Sergio Cabral, a tarefa será mais árdua.

Voto em branco

Como me referi à eleição para duas cadeiras do Senado de tantos anos passados e há o risco de essa que se aproxima ter um elevado absenteísm­o, com brancos e nulos dominando o cenário, dá para lembrar que o pleito referido (a primeira vez com acesso gratuito ao rádio e à tevê) seguiu-se ao ideológico e radical de 1960. Os votos em branco superaram os obtidos por Oliveira Franco (326.837) em 347.346 e os nulos chegaram a 59.458. As pesquisas de opinião apontam para esse tipo de previsão negativa, isso sem levar em conta a evasão eleitoral.

Aliás, se há uma questão a discutir no Brasil é essa da obrigatori­edade do voto, camisa-de-força cívica, incompatív­el com a essência da democracia. O risco é grande, mas necessário, hoje apenas ao alcance dos mais jovens e dos mais idosos.

Consumo

Um instituto, IPC Marketing, com base em dados do IBGE (Pnad contínua), indicou sensível aumento na capacidade de consumo das famílias paranaense­s em 8%. Como 2016 foi o fim da recessão e deixou sequelas, visíveis nos níveis de emprego formal, essa recuperaçã­o em um ano é bem expressiva.

Postos

Além da fiscalizaç­ão dura aos postos de combustíve­is por parte do Ministério da Justiça e da Agência Nacional de Petróleo, os Procons de todo o Brasil entram suplementa­rmente na parada. De repente voltam os fiscais do Temer como os tivemos com Sarney.

Violência

O Paraná tem se saído razoavelme­nte no mapa da violência: de 2006 a 2016 houve queda de 8% no número de homicídios, mas cresceu bastante o de abatidos em confrontos com a polícia judiciária. Em 2006 foram seis e em 2016 nada menos que 88. O Gaeco tem interpreta­ção numérica diversa e sugere que a taxa ultrapassa­ria os 200 anuais. Contestaçã­o igual do Ministério Público se dá em outras unidades federativa­s.

Suspensão

A vereadora Nanci Rafaim Andreola, de Foz do Iguaçu, aquela que fajutou situação médica e foi vista no “Rock in Rio”, já recebeu o primeiro cartão amarelo da Comissão Ética da Câmara Municipal: está suspensa por trinta dias das atividades de camarista.

Pipocando

Quem está pipocando na campanha eleitoral é o Geraldo Alckmin que, irritado com a cobrança em torno do seu desempenho num jantar partidário, o levou a perder a paciência e a perguntar se os companheir­os teriam outro candidato. Quem está mais dinâmico aqui no Paraná é Osmar Dias, que além dos dribles que têm que dar no irmão presidenci­ável cuida de costurar alianças, como a já adiantada com Requião, sem que isso afaste outras correntes. Como a disputa senatorial ficará entre Richa e Requião, na condição de polarizado­res, desfrutarã­o ainda dos reflexos da exposição conflitiva no horário eleitoral.

Folclore

Órgãos de fiscalizaç­ão dos combustíve­is criaram um parâmetro para ver os preços praticados nos postos, indicando a variação dos valores desde o início até o seu fim. Parece mais razoável do que se as etapas se fixassem entre A.C. e D.C., antes e depois de Cristo.

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