Folha de Londrina

Alerta para uso de etanol em casa

- (M.O.)

A empresária Jaqueline Braz, 26, se envolveu em um acidente com fogo que poderia ter lhe custado a vida. É por isso que agora, medicada e prestes a passar por uma cirurgia, ela se sente agradecida por estarviva.

No dia 14 de maio, Braz teve 40% do corpo queimado ao utilizar etanol (álcool de posto) para acender a churrasque­ira. As lesões foram de terceiro grau e atingiu o rosto, couro cabeludo, braços, barriga, coxas e dorsal.

“Foi um milagre e espero que essa história sirva de alerta para todas as pessoas”, comenta a mãe Claudineia. A família vive em Ponta Grossa (Campos Gerais), mas está em Londrina para tratamento no CTQ (Centro de Tratamento de Queimados) do HU (Hospital Universitá­rio).

A enfermeira chefe do setor, Elza Tokushima Anami, diz que o uso de agentes combustíve­is em casa tem sido frequente. “Seja pela falta ou pelo custo do gás, as pessoas estão usando mais etanol e gasolina para acender churrasque­iras eatéc oz inha reissoé extremamen­te perigoso”, diz ela, que esteve recentemen­te em um congresso brasileiro­s de queimadura­s, cujo trabalho premiado foi de um autor nordestino que relacionou o aumento do preço do gás de cozinha com o aumento do uso doméstico de agentes combustíve­is.

Além disso, a enfermeira destaca que o clima frio também leva ao aumento de casos de queimadura­s. “Justamente pela manipulaçã­o de alimentos e líquidos aquecidos. O cuidado maior é sempre com as crianças e idosos, pois podem ter lesões mais graves por terem menos tecido subcutâneo”, afirma.

No ano passado, o CTQ realizou 1.077 atendiment­os ambulatori­ais e registrou 454 internaçõe­s. Anami lembra que ose toré o maior em todo o hospital em termos de tempo de internação. “O paciente queimado faz muito procedimen­to cirúrgico e demanda um acompanham­ento intensivo de uma equipe multidisci­plinar”, comenta. A média de internação de um paciente no CTQ é de 16 dias.

Ao todo, o setor realizou 277 cirurgias em pacientes de zero a 15 anos, em 2017. O maior volume foi na faixa etária de 16 a 59 anos, com 1436 procedimen­tos. Um deles foi o do Joaquim Lopes da Silva, 46. Ele sofreu uma descarga elétrica de alta tensão em Palmital (Centro) durante a instalação de uma antena. Ficou mais de dois meses interna doem 2010 e agora está de volta ao CTQ devido às sequelas do acidente. “Já amputei três dedos do pé esquerdo e agora estou com dores e inchaço no direito. Acidente ninguém prevê, mas dá para ter cuidado e se prevenir. Essa foi a lição que aprendi”, desabafa.

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