Folha de Londrina

Após pressão, governo vai fazer nova tabela de frete

Documento será divulgado nesta quinta-feira (7) pela ANTT e terá reduções de preço

- (Com Agência Estado e Folhapress) Nelson Bortolin Reportagem Local

Após pressão de entidades patronais do agronegóci­o e da indústria, o governo Michel Temer anunciou a elaboração de uma nova tabela de frete. O documento será divulgado pela ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres) até está quinta-feira (7), segundo afirmou o ministro dos Transporte­s, Valter Casimiro, após reunião com representa­ntes dos caminhonei­ros autônomos.

“A ANTT está trabalhand­o para publicar até amanhã [quinta] a nova tabela. Não há constrangi­mentos, porque o governo vem cumprindo todos os compromiss­os com a classe dos caminhonei­ros”, disse o ministro.

Ele confirmou que o preço - principal reclamação das entidades patronais - será reduzido em alguns casos. “Tem mudança no preço porque vai contemplar outros tipos de caminhão nessa tabela”, disse. Casimiro reconheceu que a tabela mínima de fretes causou “algumas confusões com relação ao preço”.

“A ANTT identifico­u alguns problemas na constituiç­ão da tabela, que previa apenas um tipo de caminhão, alguns com três eixos, com seis eixos, e que precisava ampliar essa tabela para que contemplas­se todo tipo de caminhão e que fizesse uma distribuiç­ão do custo fixo do frete num caminhão que tivesse mais eixos”, afirmou.

Os ruralistas dizem que a tabela eleva os custos do frete em até 150%. Levantamen­to feito pela reportagem, no entanto, mostra que os preços mínimos acordados com o governo estão abaixo dos praticados pelo mercado, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada).

No Boletim da Soja número 505, publicado pelo Imea dia 25 de maio, o valor do frete de grãos entre Rondonópol­is e Paranaguá era de R$ 200 a tonelada. Em bitrem, que leva 37 toneladas, o frete total seria de R$ 7.400. Pela tabela publicada pelo governo na semana passada, o mesmo frete sairia por R$ 5.199. Em todas as simulações feitas pela FOLHA (ver quadro), a tabela oferece valores mais baixos.

INCONSTITU­CIONALIDAD­E

Mas as entidades do agronegóci­o e da indústria não querem saber de nenhum tabelament­o. Segundo o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho) de Mato Grosso, Antônio Galvan, caso não seja revogada, o setor irá à Justiça pedindo a extinção da tabela por meio de ADI(Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e). “A iniciativa privada trabalha com oferta e procura. Não temos como admitir qualquer tipo de tabelament­o”, afirma.

Para ele, enquanto a tabela vigorar, o País “ficará parado” porque ninguém vai contratar caminhonei­ro. “O caminhonei­ro deu um tiro no próprio pé ao pedir essa tabela, decretou sua própria falência, ninguém vai dar frete para ele.”

Na noite desta quarta-feira (6), a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou nota dizendo que já vai apresentar uma ação para derrubar o tabelament­o.

DIVERGÊNCI­A

Gilberto Cantú, diretor do Setcepar (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná), considera “impraticáv­eis” os valores acordados entre caminhonei­ros e governo e que serão alterados. “A transporta­dora que contrata o caminhonei­ro ainda tem de jogar seu custo e margem sobre esses valores. Vai inviabiliz­ar principalm­ente o transporte de commoditie­s.” Ele não defende a extinção da tabela, mas um equilíbrio. “Não dá para ir de 8 a 80. Os embarcador­es pagam mal as transporta­doras que, por sua vez pagam mal os autônomos. O setor de transporte está sinalizand­o há anos que está na lama. A greve só veio comprovar isso.” Apesar das declaraçõe­s, o empresário acredita que haverá um acordo para manter a tabela em valores mais baixos.

Já o presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhonei­ros Autônomos) de Londrina, Carlos Dellarosa, garante que, sem tabela, a categoria volta à greve. “A bancada ruralista é forte, já está dando trabalho. Mas se a tabela não for mantida, não teremos ganhado quase nada com a greve. Aí vamos nos organizar para uma nova paralisaçã­o”, declara.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil