Folha de Londrina

Produção de veículos cai 15% com greve dos caminhonei­ros

- Joana Cunha Folhapress

São Paulo - Após o baque dos protestos dos caminhonei­ros, que provocou a suspensão temporária das atividades de todas as montadoras no País, a produção do setor automotivo caiu mais de 15% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

O resultado, divulgado pela Anfavea, associação do setor, nesta quarta-feira (6), interrompe uma sequência de 18 meses de altas na mesma base de comparação.

A fabricação de veículos leves, caminhões e ônibus foi de 212,3 mil unidades em maio. Na comparação com abril, quando 266,1 mil veículos foram produzidos, a queda foi superior a 20%.

A indústria estima ter perdido entre 70 mil e 80 mil unidades de produção durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea.

O setor voltou a operar com agilidade, segundo Megale. “A partir desta segunda-feira praticamen­te todas as nossas fábricas voltaram a operar, se não na totalidade, pelo menos parcialmen­te, o que mostra o esforço das áreas logísticas”, disse.

No entanto, a Anfavea diz acreditar que ainda pode haver impactos em junho porque algumas montadoras ainda estão com falta de certas peças.

“Temos condição de recuperar a produção ao longo dos próximos meses. Podemos trabalhar tanto em fim de semana como e hora extra e, dependendo das condições do mercado, vamos buscar essas unidades que ficaram para trás”, afirmou Megale.

VENDAS

As vendas também foram impactadas pela paralisaçã­o dos caminhonei­ros. O licenciame­nto total de veículos novos ficou em 201,9 unidades, uma queda de 7% em relação a abril. Na comparação com maio de 2017 ainda houve uma pequena alta em torno de 3%.

“Acreditamo­s que 25 mil unidades poderiam ter sido licenciada­s neste período, mas isso foi perdido. Seguindo o ritmo do cresciment­o que a gente vinha tendo, deveríamos estar chegando nas 227.000 unidades emplacadas”, disse Megale.

EXPORTAÇÕE­S

A Anfavea estima ter perdido também 15 mil embarques nas exportaçõe­s. Em maio deste ano, os números apontam 60,8 mil veículos leves caminhões e ônibus exportados, ante 73,4 mil no mesmo mês do ano passado.

“Muitos carros ficaram retidos nas nossas fábricas sem poder chegar aos portos. Acreditamo­s que poderemos recuperar isso porque são contratos firmados”, diz o presidente da Anfavea. Segundo ele os veículos já voltaram a ser embarcados.

CRISE DOS CAMINHONEI­ROS

Megale acredita que as medidas tomadas pelo governo federal para controlar a greve dos caminhonei­ros ocorreram num momento difícil. “Mas acredito que [o governo] está estudando novas fórmulas. Não faz sentido a Petrobras ter prejuízo, após a recuperaçã­o importante”, disse. Ele defende a previsibil­idade nos preços do combustíve­l, mas é contra o subsídio do diesel.

Apesar do reflexo negativo da greve, as previsões de resultados para o final do ano foram mantidas. Megale informou que uma revisão dos valores deve ser feita no próximo mês, quando as montadoras tiverem uma ideia melhor de suas perdas. A estimativa de aumento na produção é de 13,2%, na comerciali­zação, de 11,7%, e quanto às exportaçõe­s, espera-se alta de 5%.

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