Folha de Londrina

Governo quer reduzir pedágio em 50% em novas concessões

Segundo a governador­a Cida Borghetti, proposta é promover a “justiça tarifária”, com mais obras e valores mais baixos; contratos atuais serão encerrados em 2021

- Aline Machado Parodi Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

O governo estadual anunciou ontem que já notificou as seis concession­árias das rodovias do Anel de Integração para que iniciem os processos de finalizaçã­o dos contratos, que seguem vigentes até 2021. De acordo com a governador­a Cida Borghetti, o Estado deve iniciar a elaboração de um novo modelo de concessão que inclua mais obras e redução de 50%, em média, no preço dos pedágios. Anúncio agradou entidades empresaria­is, mas para a Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias, baixar tarifas pela metade não será tarefa fácil

OParaná deve licitar um novo modelo de pedágio em 2021, quando se encerram os contratos de concessão das rodovias do Anel de Integração. A decisão foi anunciada nesta segundafei­ra (11), pela governador­a Cida Borghetti, e considerad­a, pelas entidades empresaria­is, um avanço no sentido de reduzir o valor das tarifas. No entanto, para a ABCR (Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias), a redução dos valores não será tarefa fácil.

As seis concession­árias do Anel de Integração foram notificada­s para que iniciem os processos de finalizaçã­o dos contratos. “O Paraná precisa avançar e, desde já, iniciar a elaboração de um novo modelo de concessão para promover a justiça tarifária com mais obras e redução das tarifas em 50%, em média”, disse a governador­a.

O documento encaminhad­o às empresas cita a necessidad­e de realizar a verificaçã­o, levantamen­tos e análises de dados e dos bens reversívei­s (estradas, pontes, viadutos, edifícios e outras instalaçõe­s). O Anel é formado por 2.500 km de rodovias. Destes, 1.800 km são federais, delegados ao Paraná, e 700 km estaduais. Ao todo, há 27 praças de pedágio.

Uma comissão liderada por técnicos da Secretaria de Infraestru­tura e Logística e do DER (Departamen­to de Estradas de Rodagem), com o apoio da Agepar (Agência Reguladora do Paraná), ficará encarregad­a dos trabalhos de encerramen­to dos contratos, com análise do que ainda está para ser executado.

A ABCR informou que as concession­árias colaborarã­o no processo e que é importante o início do procedimen­to agora para que ocorra de forma equilibrad­a na ocasião da entrega da operação das rodovias. Segundo a associação, o setor aguardará a definição da modelagem a ser adotada pelo governo, com a expectativ­a que atenda às necessidad­es logísticas do Estado ao mesmo tempo em que atraia investimen­tos.

ESTUDO

O diretor-regional da ABCR (Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias) do Paraná e Santa Catarina, João Chiminazzo Neto, não vê como será possível uma cobrança de tarifas até 50% mais baratas, conforme disse a governador­a. Ele admite que não conhece qualquer proposta de nova concessão e que o valor da tarifa terá de ser definido com base em volume de tráfego, investimen­tos e depreciaçõ­es, além de levar em conta a situação econômica do período da possível nova concessão.

“Não tem como fazer uma concessão sem saber o volume de veículos, os investimen­tos anuais. Nós não conhecemos o projeto. Se o governo disser que dá pra baixar 50%, pode ser que dê para baixar 70% ou 30%, mas não dá para ter ideia se não fizer o estudo”, afirmou Chiminazzo Neto.

AVANÇO

A adoção de um novo modelo de concessão sempre foi defendido por entidades como a Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e Setcpar (Sindicato das Empresas de Transporte­s de Carga no Estado do Paraná).

O executivo do Conselho de Infraestru­tura da Fiep, João Arthur Mohr, afirmou que fatores como a taxa Selic mais baixa e estável, a experiênci­a de 20 anos em concessão, a participaç­ão dos usuários na definição do modelo, a atuação forte da agência reguladora, o maior prazo para elaboração dos projetos de duplicação e melhorias das rodovias e a possibilid­ade da concession­ária iniciar a cobrança do pedágio já no início do novo contrato, devem contribuir para a redução das tarifas.

“Os contratos atuais foram feitos em uma época em que não tínhamos experiênci­a em concessão rodoviária e a Selic era muito alta (38%). Em 1997, quando foram assinados os contratos, também não houve participaç­ão do usuário. Agora, a governador­a quer discutir o modelo amplamente com sociedade. E estamos iniciando com três anos de antecedênc­ia, isso é muito bom para o Paraná”, disse Mohr.

Uma das falha no passado, na opinião do executivo da Fiep, foi o nível de detalhamen­to dos projetos de obras. “Os projetos foram feitos de forma superficia­l. Agora, será possível ter um maior nível de detalhamen­to”, acredita.

O presidente da Setcpar, Marcos Egídio Battistell­a, espera que o novo modelo traga, além de redução no preço, serviços de qualidade. “Esperamos uma melhora na oferta de serviços, qualificaç­ão das rodovias e redução do preço. Não tem sentido o valor que pagamos para rodar em rodovia com pista simples e pouca sinalizaçã­o”, disse Battistell­a.

PRAZO

A licitação para um novo modelo deverá ser lançada entre 2020 e 2021. A governador­a reforçou que o Paraná quer ser protagonis­ta na elaboração do futuro processo de concessão e que ele será amplamente discutido com todos os setores da comunidade. “Faremos audiências públicas para que as pessoas que conhecem a realidade das cidades opinem sobre o que consideram o melhor”, disse.

Cida adiantou também que a Secretaria Especial do Desenvolvi­mento Econômico articulará junto ao setor produtivo e aos representa­ntes dos usuários estudos para definir valores das tarifas que mantenham as empresas paranaense­s competitiv­as nos cenários nacional e internacio­nal.

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Gustavo Carneiro No Paraná, são 27 praças de pedágio distribuíd­as por 2.500 km de rodovias do Anel de Integração e operadas por seis concession­árias

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