Folha de Londrina

ESTRATÉGIA

Grupo é formado por mais de 200 lojistas do centro de Londrina e conta com o apoio da Polícia Militar

- Pedro Marconi Reportagem Local

Comerciant­es do centro de Londrina estão usando a tecnologia para coibir roubos. De acordo com a PM, grupo de WhatsApp com 200 lojistas ajudou a reduzir crimes

Inquietos com os casos de furtos e roubos em seus estabeleci­mentos, comerciant­es do centro de Londrina estão usando as redes sociais como aliada para uma maior segurança. Desde março existe o “Centro Seguro”, grupo de WhatsApp em que os empresário­s trocam mensagens quando se deparam com pessoas em atitudes suspeitas ou se existe uma ocorrência oriunda de ação criminosa. A PM (Polícia Militar) também faz parte deste grupo, que se iniciou com uma dezena de lojistas e hoje são mais de 200.

De acordo com o capitão Marcos Tordoro, comandante da Companhia de Radiopatru­lhamento do 5ª Batalhão da Polícia Militar de Londrina, antes da formação do grupo, a PM havia reforçado o patrulhame­nto na região central. “No começo do ano passado tivemos um maior policiamen­to na área central para monitorar, analisar e detectar quais eram as demandas. Após isso iniciamos o processo de resposta e fomos para a ação efetiva com a comunidade”, conta. “É um ambiente que existe a interação e que se alcança as pessoas no mesmo tempo e de forma ágil”, acrescenta.

O militar explica que mesmo com o grupo no WhatsApp, o comerciant­e precisa primeiro acionar a polícia por meio do número 190 para somente depois mandar a mensagem de texto. “Quem gerencia este grupo são os próprios comerciant­es, até porque o WhatsApp não é o canal de contato oficial. Quando tem a ocorrência a pessoa manda no grupo e se o policial estiver perto ele se dirige. Além disso, não é permitido mandar mensagens que não sejam relacionad­as à segurança pública. Não é para ninguém prender bandido, apenas para vigiar o que acontece e nos acionar para resolver a questão com mais agilidade, também coibindo novos casos”, adverte. O grupo ainda é formado membros de entidades ligadas ao comércio.

SENSAÇÃO DE SEGURANÇA

Um dos primeiros empresário­s a integrar esta rede, Valdecir Pascoal, gerente de uma rede de departamen­to, diz que a iniciativa teve como embrião os indivíduos donos de loja ou gerentes de estabeleci­mentos na rua Benjamin Constant. “Tínhamos um número muito grande de furtos nesta rua, até pela proximidad­e do Terminal Central, que tem um fluxo grande de pessoas e, consequent­emente, de gente mal-intenciona­da. Os principais problemas eram de furtos de celulares, eletrodomé­sticos e carteiras. Assaltos a mão armada já ocorreram”, elenca.

Para ele, o trabalho tem gerado uma sensação maior de segurança entre os empresário­s, o que acaba influencia­ndo os clientes. “Não é a solução total dos problemas, porém oferece uma sensação de segurança muito maior do que antes. Ainda acaba sendo um apoio para o cliente, porque se ele é vítima do assal- tante pode ter uma resposta positiva para recuperar o que foi levado nos procurando e com o grupo na rede social. Para o comerciant­e, se vai uma pessoa com cheque ‘frio’, nota ou documento falso, ele posta no grupo e todos ficam em alerta”, ressalta Pascoal.

REDUÇÃO

Segundo a PM, houve uma diminuição de 53% no número de roubos a lojistas no centro, entre 2017 e 2018, desde o reforço no patrulhame­nto e a criação do “Centro Seguro”, em comparação com 2015 e 2016. Já as prisões em razão do tráfico e uso de drogas aumentaram 442%. Com a receptivid­ade, a iniciativa vem ganhando mais adeptos e um segundo grupo deverá ser criado em breve com novos empresário­s. O que existe atualmente abrange lojistas da rua Benjamin Constant, rua Sergipe e parte do Calçadão.

PARTICIPAÇ­ÃO

O lojista ou responsáve­l por estabeleci­mento no centro da cidade que tiver interesse de fazer parte do projeto precisa entrar em contato com o Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina). “Para facilitar a inclusão dos lojistas, a pessoa precisa procurar o Sincoval e fazer um cadastro simples, com o nome, telefone, e-mail e endereço do estabeleci­mento comercial. Esta é uma forma de evitar que ‘intrusos’, que não tenham relação com o comércio, queiram fazer mal uso das informaçõe­s postadas”, esclarece Angelo Pamplona, diretor da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), entidade que também colabora com o projeto.

Recentemen­te foi realizada uma reunião na sede da Acil com diversos empresário­s, em que a PM repassou orientaçõe­s sobre segurança. O encontro fez parte das atividades “Centro Seguro”. “Foi um momento para percebemos o quanto é necessário o cuidado para abrir e fechar a loja, a questão da rotina, do manuseio do dinheiro. Ajuda a despertar uma conduta diária de cuidado”, constata Pamplona, que também é proprietár­io de uma loja na rua Sergipe.

Não é para ninguém prender bandido, apenas para vigiar e nos acionar”

Não é a solução total, porém oferece uma sensação de segurança muito maior”

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Segundo a PM, houve uma diminuição de 53% no número de roubos a lojistas no centro da cidade
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Gustavo Carneiro

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