Folha de Londrina

MP encerra oitivas da Operação Password

Ao menos cinco pessoas devem ser indiciadas por organizaçã­o criminosa e lavagem de dinheiro, além de crime contra a administra­ção pública

- Vitor Struck Reportagem local

OMinistéri­o Público encerrou as oitivas da Operação “Password”, que revelou o cancelamen­to ilegal de débitos em tributos municipais de contribuin­tes no sistema da Secretaria Municipal de Fazenda. As últimas testemunha­s foram ouvidas entre a manhã e o início da tarde desta segunda-feira (11). Entretanto, segundo o promotor Leandro Antunes, a denúncia não deve ser formalizad­a nem apresentad­a à Justiça nesta semana.

“Como o procedimen­to tramita com os réus soltos vamos verificar com calma a situação de cada um, vai ser uma peça bastante grande para apresentar­mos”, explica Antunes.

Segundo o promotor, ficou clara a ação de três servidores, uma ex-estagiária e, ainda, uma pessoa que agia fora da Prefeitura de Londrina. Dois dos servidores, Paula Carolina de Souza e o gerente de cadastro imobiliári­o Claudinei Sisner, e a ex-estagiária Camila Azarias chegaram a ficar presos por cinco dias no mês de maio. Outro mandado de prisão havia sido expedido contra o servidor Marcos Paulo Modesto, mas ele não chegou a ser preso porque estava hospitaliz­ado.

Novos fatos criminosos, além dos já revelados na deflagraçã­o da Operação, em maio, não foram identifica­dos. O grupo deve ser indiciado por organizaçã­o criminosa e crime contra a Administra­ção Pública, exposto no artigo 313-A do Código Penal, que trata de “inserir ou facilitar, o funcionári­o autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidame­nte dados corretos nos sistemas informatiz­ados ou bancos de dados da Administra­ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”.

“No caso de terceiros, que de alguma forma induziram ou solicitara­m ao funcionári­o que o fizesse, também incorrerá neste crime”, afirma o promotor em relação aos contribuin­tes que segundo ele eram amigos, parentes ou vizinhos dos envolvidos.

Além destas pessoas, outras “foram vítimas de um golpe”, já que um dos envolvidos intermedia­va a oferta de “serviços” como a liberação dos pagamentos de dívidas em precatório­s em troca do recebiment­o de vantagens indevidas. O MP também identifico­u o crime de lavagem de dinheiro. “Mas não sabemos se estes crimes entrarão neste momento da denúncia ou posteriorm­ente”, afirma o promotor.

Ao todo cerca de 50 pessoas foram ouvidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

“Agora vamos analisar todo o material que foi produzido, documentos, depoimento­s de testemunha­s, intercepta­ções telefônica­s, a prova em conjunto”, explica Antunes. Além disso, uma sindicânci­a foi aberta na Corregedor­ia Geral do Município para analisar as conclusões e orientaçõe­s do Relatório de auditoria emitido pela Controlado­ria com base nas manifestaç­ão das Secretaria­s Municipais de Fazenda e Planejamen­to. Os quatro servidores foram afastados das funções e remanejado­s enquanto corre o processo. A ex-estagiária já havia deixado a prefeitura quando a operação foi deflagrada.

MEDIDAS CAUTELARES Até esta segunda-feira, a Justiça ainda não havia imputado medidas cautelares contra os servidores acusados, em ação proposta pelo Gaeco depois que o juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal, negou a revogação da prisão.

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Marcos Zanutto/09-02-2018 Devido à complexida­de do processo, Gaeco ainda não tem estimativa de quando formulará denúncia à Justiça

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