Folha de Londrina

ELN anuncia cessar-fogo em eleição

- Sylvia Colombo Folhapress

Bogotá - O ELN (Exército de Libertação Nacional), maior guerrilha em atividade na Colômbia, com 1.500 combatente­s, anunciou, na manhã desta segunda-feira (11), que fará um cessar-fogo unilateral durante o próximo fim de semana, quando ocorre o segundo turno da eleição colombiana (dia 17).

A atual situação do ELN é delicada. Apesar de ser menos numerosa que as Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia), que tinha até 9.000 combatente­s quando fez o acordo de paz em 2016, ainda é uma considerad­a uma guerrilha muito letal. Isso porque, ao contrário das Farc à época das negociaçõe­s, o ELN segue realizando sequestros e se nega a soltar presos para que as conversas avancem.

Também diferentem­ente das Farc, o ELN não se encontra unido com relação à ideia de assinar um acordo de paz com o governo. Sua cúpula está a favor, e os principais representa­ntes estão em Havana, a nova sede das negociaçõe­s, junto aos negociador­es do governo. Mas há chefes de escalões médios e soldados que estão intensific­ando ações e se negam a abandonar as lucrativas atividades de extorsão e tráfico de drogas.

Segundo informe da ONG InSight Crime, o ELN vem recrutando mais guerrilhei­ros no norte do país, principalm­ente perto da fronteira com a Venezuela, e intensific­ando suas ações de narcotráfi­co em regiões que foram abandonada­s pelas Farc, mas que não foram, ainda, reforçadas em segurança de modo suficiente com as forças do Estado.

A chefia do ELN afirma que quer seguir negociando, seja qual for o presidente eleito. O esquerdist­a Gustavo Petro, ele mesmo um ex-guerrilhei­ro, afirma que gostaria de seguir as conversas como vinham sendo feitas.

No caso de sua guerrilha, o M-19, a desmobiliz­ação foi considerad­a um sucesso, já que deu a possibilid­ade a muitos exguerrilh­eiros de entrarem na política de modo democrátic­o. É o caso do próprio Petro, que virou parlamenta­r na Constituin­te de 1991 e está na política até hoje. Já o direitista e líder nas pesquisas Iván Duque tem adotado um discurso brando com relação aos acordos de paz, mas apontado que haverá mudanças.

Com relação ao que já foi assinado com as Farc, Duque diz ser contra o sistema de Justiça Especial e o acesso ao Congresso de ex-combatente­s que tenham cometido crimes de lesa humanidade. Vem afirmando que “não rasgará o acordo”, até porque já foi aprovado pelo Parlamento e está vinculado à Constituiç­ão, mas que introduzir­á reformas substancia­is.

A quinta rodada de conversas será retomada em 20 de junho e nela será discutida a possibilid­ade de um novo cessar-fogo bilateral.

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