ELN anuncia cessar-fogo em eleição
Bogotá - O ELN (Exército de Libertação Nacional), maior guerrilha em atividade na Colômbia, com 1.500 combatentes, anunciou, na manhã desta segunda-feira (11), que fará um cessar-fogo unilateral durante o próximo fim de semana, quando ocorre o segundo turno da eleição colombiana (dia 17).
A atual situação do ELN é delicada. Apesar de ser menos numerosa que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que tinha até 9.000 combatentes quando fez o acordo de paz em 2016, ainda é uma considerada uma guerrilha muito letal. Isso porque, ao contrário das Farc à época das negociações, o ELN segue realizando sequestros e se nega a soltar presos para que as conversas avancem.
Também diferentemente das Farc, o ELN não se encontra unido com relação à ideia de assinar um acordo de paz com o governo. Sua cúpula está a favor, e os principais representantes estão em Havana, a nova sede das negociações, junto aos negociadores do governo. Mas há chefes de escalões médios e soldados que estão intensificando ações e se negam a abandonar as lucrativas atividades de extorsão e tráfico de drogas.
Segundo informe da ONG InSight Crime, o ELN vem recrutando mais guerrilheiros no norte do país, principalmente perto da fronteira com a Venezuela, e intensificando suas ações de narcotráfico em regiões que foram abandonadas pelas Farc, mas que não foram, ainda, reforçadas em segurança de modo suficiente com as forças do Estado.
A chefia do ELN afirma que quer seguir negociando, seja qual for o presidente eleito. O esquerdista Gustavo Petro, ele mesmo um ex-guerrilheiro, afirma que gostaria de seguir as conversas como vinham sendo feitas.
No caso de sua guerrilha, o M-19, a desmobilização foi considerada um sucesso, já que deu a possibilidade a muitos exguerrilheiros de entrarem na política de modo democrático. É o caso do próprio Petro, que virou parlamentar na Constituinte de 1991 e está na política até hoje. Já o direitista e líder nas pesquisas Iván Duque tem adotado um discurso brando com relação aos acordos de paz, mas apontado que haverá mudanças.
Com relação ao que já foi assinado com as Farc, Duque diz ser contra o sistema de Justiça Especial e o acesso ao Congresso de ex-combatentes que tenham cometido crimes de lesa humanidade. Vem afirmando que “não rasgará o acordo”, até porque já foi aprovado pelo Parlamento e está vinculado à Constituição, mas que introduzirá reformas substanciais.
A quinta rodada de conversas será retomada em 20 de junho e nela será discutida a possibilidade de um novo cessar-fogo bilateral.