Folha de Londrina

Um centenário ‘do lar’

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Ele faz questão de resgatar nomes e datas de fatos ocorridos décadas atrás. Para isso, faz uma pausa breve e, num fechar dos olhos, consegue trazer muitas dessas lembranças para a mesa de jantar, seu lugar preferido em casa. Joaquim Martins nasceu em 10 de junho de 1918, em Trajano de Moraes (RJ). Da infância mantém a tradição de comer carne seca diariament­e. “Mas também não abro mão de tomar um litro de leite por dia. Acho que minha saúde vem daí”, brinca, completand­o que nunca teve vícios, como cigarro e bebida, e também não tem doença.

Dos dez filhos, somente ele e a irmã caçula estão vivos. E como se completar 100 anos fosse algo totalmente natural, Martins conta que aprecia preparar uma refeição, varrer a calçada e passar pano no chão da casa todos os dias, e ainda fazer o mercado e pagar as contas na lotérica. A dedicação com o lar sempre foi uma caracterís­tica de Martins, casado com Conceição Beraldi há 74 anos.

Em 1972 a família veio morar em Londrina. O motivo foi proporcion­ar educação ao filho caçula Jaime Martins, hoje com 52 anos, que é surdo. “Era uma obrigação meu filho ir para a escola, aprender, ser educado”, comenta, contando que, além do filho, cuidou de outras seis crianças surdas. “As famílias que moravam em outras cidades tinham dificuldad­es em trazer os filhos ao Iles (Instituto Londrinens­e de Educação de Surdos) e nós abrimos as portas de casa.” Martins conta que as famílias davam uma ajuda de custo, mas que todos eram tratados como filhos, igualmente. “A gente não sabia libras, mas todo mundo se entendia por leitura labial e alguns si- nais básicos.”

● O Brasil tem cerca de 32 mil centenário­s, de acordo com pesquisado IBGE

● Língua Brasileira de Sinais é utilizada por deficiente­s auditivos para a comunicaçã­o entre eles e entre surdos e ouvintes

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Saulo Ohara

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