Folha de Londrina

PADROEIRO

Milhares de fiéis se reúnem na igreja matriz para a festa religiosa, que tem como ponto alto a venda de assados e de bolos com a medalhinha do santo

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Bolo de Santo Antônio atraiu milhares de fiéis à igreja matriz de Cambé na manhã de ontem. Procura pelas famosas medalhinha­s foi grande

Cambé

- Às 6h, quando o sol está nascendo, os sinos da Paróquia Santo Antônio, em Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina), tocam anunciando o amanhecer de um dia festivo. É quarta-feira, 13 de junho, Dia de Santo Antônio, o padroeiro da cidade. “Há também a queima de fogos para lembrar que um dia festivo e especial está começando”, disse o padre Cristiano de Jesus, que aguardava cerca de sete mil fiéis para a missa solene às 18h. Também estava programada uma procissão pelas ruas da cidade, benção de pães e a quermesse, com direito à fogueira de Santo Antônio, música, barracas de comidas e brincadeir­as.

A festa é uma tradição no município de pouco mais de 105 mil habitantes. Ela acontece desde 1930, antes mesmo da emancipaçã­o política, que ocorreu 17 anos depois. Naquele tempo, era costume leiloar assados de carne de porco e frango para arrecadar fundos para a igreja. Hoje, passados 88 anos, a venda de assados segue o costume, mas quem rouba a cena é o bolo com as medalhinha­s de Santo Antônio.

“As pessoas vêm com a expectativ­a de achar a medalhinha do santo que ficou conhecido como ‘casamentei­ro’, mas sempre a intenção maior é a fé, pois com ela se pode alcançar tudo. Então, há aqueles que pedem ajuda para alcançar uma graça, viver em harmonia, com proteção e amor. Achando ou não, é essa intenção que vale, pois o bolo também foi abençoado”, comentou o sacerdote.

Ao todo, foram preparados 15 mil pedaços de bolo e cerca de 35% tinham um “recheio especial”. A estudante Beatriz Bassetto compra o doce há 18 anos e disse que já encontrou cinco medalhinha­s de Santo Antônio. “Para mim, significa uma sorte e quem sabe ele me dá uma ajudinha para encontrar um amor, não é? Nunca se sabe”, afirmou.

A professora aposentada Ejoni Guizilini comprou cinco pedaços desta vez. Ela não faz nenhuma relação de seu casamento com o bolo, mas de qualquer forma, foi na festa de Santo Antônio que ela conheceu o marido. “Meu pai era um dos organizado­res da quermesse e a gente sempre ajudou nas barracas. Foi assim que eu o conheci”, contou.

Já a servidora pública Sandra Cristina da Silva tem certeza de que Santo Antônio está

por trás do casamento da amiga. “Comprei um pedaço para dar a ela, que queria muito arrumar um marido. Ela acabou encontrand­o a medalhinha e três meses depois conheceu o namorado e hoje já faz um ano que está casada. Eu e ela temos certeza de que foi ajuda dele”, revelou.

Mas como o próprio padre diz, a benção de Santo Antônio vale para todos os pedidos. Uma moradora de Cambé que tem 36 anos conta que alcançou uma graça. Desde os 15 anos, ela sofria de cólica renal, motivo pelo qual ia para o hospital quase mensalment­e.

“Há 10 anos sou voluntária no preparo dos bolos e em 2013, enquanto eu embalava os pedaços, comecei a sentir muita dor. Rezei para Santo Antônio para me ajudar a terminar aquele trabalho. Quando voltei para casa à noite, fui para o hospital como sempre fazia. Mas depois daquele dia, eu nunca mais tive dor, não precisei mais tomar remédio e nem ir para o hospital. Ele atendeu meu pedido de saúde. Agora faço ainda mais questão de estar aqui, ajudando”, ressaltou a voluntária, que pediu para não ser identifica­da.

O bolo foi confeitado e embalado por 90 voluntária­s no salão paroquial. Uma das coordenado­ras, Maria Inês Dolfini, revela que a cada ano aumenta a quantidade de pedaços. “Quando começamos a vender o bolo, há cerca de 20 anos, eram 400 pedaços. Hoje, estamos em 15 mil”, contabiliz­a. Os pedaços foram vendidos a R$ 4 e a renda será revertida para a manutenção da igreja e do salão paroquial.

PROTETOR

Santo Antônio nasceu em Lisboa (Portugal), mas evangelizo­u e morreu em Pádua (Itália), em 13 de junho de 1231, com 36 anos. É um dos santos mais venerados no mundo cristão, justamente por ser considerad­o protetor das coisas perdidas, dos pobres e dos casamentos.

Ele também foi conhecido com um grande pregador. Seus sermões são muito conhecidos, pois sempre remetiam à humildade, o amor e ajuda ao próximo. “Sua ‘fama’ de casamentei­ro é porque ele acabou ajudando muitas moças pobres que não possuíam dotes para casar e ele sempre arrumava um jeito para que elas conseguiss­em realizar esse desejo”, explicou o padre.

“Ele acabou ajudando muitas moças pobres que não possuíam dotes para casar”

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Saulo Ohara
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Fotos: Saulo Ohara
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“Sempre a intenção maior é a fé, pois com ela se pode alcançar tudo”, afirma padre Cristiano de Jesus
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Foram preparados 15 mil pedaços de bolo, sendo 35% com um “recheio especial”

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