Mercado de GLP sofre com demanda reprimida
Quinze dias após o término da greve dos caminhoneiros, o abastecimento de GLP, o gás de cozinha, segue deficitário. Em nove Estados, além do Distrito Federal, ainda há dificuldades para encontrar o produto. Paraná, São Paulo e Minas Gerais têm problemas p
Quinze dias após o fim da greve dos caminhoneiros o abastecimento de GLP, o gás de cozinha, segue deficitário. Nove estados e o Distrito Federal ainda enfrentam desabastecimento parcial do produto. Em capitais como Cuiabá, Campo Grande e Brasília, há filas nas portas das revendedoras, lista de espera e botijão ao custo de R$ 150. Também há problemas pontuais em Salvador, João Pessoa, Goiânia e no interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Em Londrina, as revendas estão recebendo o produto em menor quantidade do que o habitual e não conseguem atender a demanda. “O fornecedor está deixando menos de dez botijões por dia. O meu atendimento caiu 50% e não há previsão de quando vai voltar ao normal”, comentou Regina Maria de Oliveira, da Gás 10, na zona norte. Nesta quarta-feira (13), a revenda estava sem o produto.
A procura pelo gás aumentou e os estoques não suprem a necessidade. “Ontem (terçafeira) o que chegou não deu para atender até o fim do dia. Hoje (quarta) é o primeiro dia depois da greve que ainda tenho gás à tarde”, contou Izabel Cristina Pereira, da Gás Mil, na zona oeste.
O comerciante Cláudio Silva, da Silva Gás, na zona leste, afirmou que está há oito dias sem o produto. “Já fiz o pedido, mas eles não estão entregando”, disse. Estão em falta botijões de 13kg, 45kg e 5kg.
A presidente do Sinregas (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de Petrobras), Sandra Ruiz, disse que as distribuidoras estão fazendo uma espécie de rodízio para atender todas as revendas. “Todas as revendas estão recebendo o produto, o problema é que a quantidade não é suficiente. Converso diariamente com o setor e a situação é a mesma em todo o Estado. O gás chega e já acaba. Até Curitiba, que deveria estar mais regularizada porque a base é lá, também está com dificuldade, afirmou.
Ruiz explicou que, além da demanda reprimida do período de greve, com a chegada do frio aumentou o consumo do produto e também há o medo com novo desabastecimento. “Pedimos para a população não estocar o produto”, falou a presidente. Acredita-se que os estoques estejam normalizados em 30 dias.
EFEITO CASCATA
Essa “segunda onda” de desabastecimento de gás é resultado do efeito cascata gerado pela paralisação dos caminhoneiros. “Estamos atendendo à demanda normal e à demanda reprimida de dez dias de paralisação. Ficou difícil administrar essa logística, o que mostra o quanto nosso setor é vulnerável”, afirma José Luiz Rocha, presidente da Abragás (Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás).
Limitações de armazenamento, explica Rocha, limita os estoques. Eles não durem mais que quatro dias - revendas de pequeno porte, por exemplo, só podem ter 40 botijões em estoque. As limitações são definidas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) por segurança.
O problema foi agravado pelo fato de os consumidores comprarem uma quantidade maior de botijões por receio de novo desabastecimento. Também há problemas logísticos como a necessidade de troca de botijões entre as fornecedoras. “Na paralisação, a fidelização de clientes deixou de existir. Compravam gás onde conseguiam, e isso aumentou a necessidade da chamada retroca entre as companhias, atrasando a distribuição”, disse Alexandre José Borjali, presidente da Asmirg-BR (Associação Brasileira dos Revendedores de GLP).
Converso diariamente com o setor e a situação é a mesma em todo o Estado”