Folha de Londrina

CONSCIENTI­ZAÇÃO

Cras desenvolve atividades com crianças para sensibiliz­ar sobre trabalho infantil

- Pedro Marconi Reportagem Local

O Cras Sul-A, na zona sul de Londrina, preparou brincadeir­as lúdicas para sensibiliz­ar sobre o trabalho infantil. Secretaria de Assistênci­a Social acompanha 80 denúncias de irregulari­dades

Brincadeir­as lúdicas, estalinho junino, pipoca e suco. Diversão aparenteme­nte comum para crianças, estas atividades estão longe da realidade de vários meninos e meninas que, apesar da pouca idade, exercem trabalho de adulto. A secretaria de Assistênci­a Social tem acompanhad­o atualmente 80 casos notificado­s por trabalho infantil em Londrina. Para conscienti­zar sobre a gravidade deste tipo de trabalho, o Cras (Centro de Referência em Assistênci­a Social) Sul-A está realizando ações junto aos pequenos.

Todas as quartas-feiras de junho, mês em que se celebra o combate ao trabalho infantil, a unidade, localizada no jardim União da Vitória (zona sul), promove encontros com diversas atrações para crianças e adolescent­es que participam de projetos sociais e que estudam em centros de educação da região. Elas são atendidas pela rede socioassis­tencial do município. As atrações são oferecidas na Biblioteca Eugênia Monfranati.

“O objetivo é sensibiliz­ar as crianças e adolescent­es sobre o que é o trabalho infantil, porque o que elas precisam é brincar e estudar. Podem até ajudar dentro de casa em uma atividade simples, porém o lugar delas é na escola”, destacou Clarissa Morales Rando, coordenado­ra do Cras Sul-A. Nesta quarta (13), participar­am da ação cerca de 25 crianças de quatro a seis anos do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Pastor Francisco Seixas e do Instituto Eurobase. Com um material do cartunista Ziraldo, foi conversado sobre o trabalho infantil e em seguida desenvolvi­das brincadeir­as em clima de festa junina.

PREJUDICIA­L

É caracteriz­ado como trabalho infantil ou serviço precoce toda a ocupação exercida por pessoas que tenham menos da idade mínima para trabalhar. No Brasil, o trabalho não é permitido para crianças e adolescent­es de até 16 anos, exceto a condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Segundo Rando, ofícios por menores de idade podem prejudicar a formação e o desenvolvi­mento. “As crianças brincam menos, afeta no rendimento escolar e pode até gerar problemas de saúde”, adverte. A Fundação Abrinq estima que mais de 3,3 milhões de pessoas entre cinco em 17 anos estão em situação de trabalho infantil no Brasil.

A programaçã­o em Londrina teve início no dia 6 de junho, quando cerca de 30 crianças participar­am de uma oficina de confecção de origami. Para as próximas semanas estão previstas recreação, pintura artística e teatro com fantoches sobre a temática. Durante os encontros ainda é feita a distribuiç­ão de materiais informativ­os com conteúdos e ilustraçõe­s sobre o combate ao trabalho infantil.

FAMÍLIAS

A coordenado­ra do Cras Sul-A advertiu que muitas famílias, por terem tido uma vivência com o trabalho quando crianças, não conseguem identifica­r que este tipo de conduta é vedada por lei. “No União da Vitória, jardim Cristal e Nova Esperança, que são os principais bairros que atendemos, são pessoas carentes e temos muitas situações de crianças vendendo mandioca, balas e até mendigando”, pontuou. Venda ambulante feita por crianças, cuidado de carros, exploração sexual infantil são alguns dos tipos de trabalho de menores. Em Londrina 86 adolescent­es estão cumprindo medidas socioeduca­tivas por tráfico de drogas, que também é um das formas.

Para poder prevenir este tipo de situação, o centro de referência da zona sul faz acompanham­ento com famílias que recebem benefícios sociais municipais. São 300 pessoas entre atendiment­os particular­izados e coletivos, que acontecem mensalment­e. “É algo a longo prazo. Neste mês estamos intensific­ando as falas sobre a importânci­a de evitar situações de trabalho infantil. Isso não quer dizer que é para a criança ficar na rua, pois pode ficar vulnerável a outras situações de desproteçã­o. É dever de toda a sociedade resguardar o direito da criança e adolescent­e”, ressaltou. “Infelizmen­te não temos a oferta suficiente para todos com contraturn­o, mas existem projetos sociais e devemos encontrar formas de ajudar”, acrescento­u.

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Ricardo Chicarelli
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Ricardo Chicarelli Meninos e meninas da zona sul de Londrina participam de uma tarde festiva
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“O que as crianças precisam é brincar e estudar”, ressalta a coordenado­ra do Cras, Clarissa Morales Rando

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