CONSCIENTIZAÇÃO
Cras desenvolve atividades com crianças para sensibilizar sobre trabalho infantil
O Cras Sul-A, na zona sul de Londrina, preparou brincadeiras lúdicas para sensibilizar sobre o trabalho infantil. Secretaria de Assistência Social acompanha 80 denúncias de irregularidades
Brincadeiras lúdicas, estalinho junino, pipoca e suco. Diversão aparentemente comum para crianças, estas atividades estão longe da realidade de vários meninos e meninas que, apesar da pouca idade, exercem trabalho de adulto. A secretaria de Assistência Social tem acompanhado atualmente 80 casos notificados por trabalho infantil em Londrina. Para conscientizar sobre a gravidade deste tipo de trabalho, o Cras (Centro de Referência em Assistência Social) Sul-A está realizando ações junto aos pequenos.
Todas as quartas-feiras de junho, mês em que se celebra o combate ao trabalho infantil, a unidade, localizada no jardim União da Vitória (zona sul), promove encontros com diversas atrações para crianças e adolescentes que participam de projetos sociais e que estudam em centros de educação da região. Elas são atendidas pela rede socioassistencial do município. As atrações são oferecidas na Biblioteca Eugênia Monfranati.
“O objetivo é sensibilizar as crianças e adolescentes sobre o que é o trabalho infantil, porque o que elas precisam é brincar e estudar. Podem até ajudar dentro de casa em uma atividade simples, porém o lugar delas é na escola”, destacou Clarissa Morales Rando, coordenadora do Cras Sul-A. Nesta quarta (13), participaram da ação cerca de 25 crianças de quatro a seis anos do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Pastor Francisco Seixas e do Instituto Eurobase. Com um material do cartunista Ziraldo, foi conversado sobre o trabalho infantil e em seguida desenvolvidas brincadeiras em clima de festa junina.
PREJUDICIAL
É caracterizado como trabalho infantil ou serviço precoce toda a ocupação exercida por pessoas que tenham menos da idade mínima para trabalhar. No Brasil, o trabalho não é permitido para crianças e adolescentes de até 16 anos, exceto a condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Segundo Rando, ofícios por menores de idade podem prejudicar a formação e o desenvolvimento. “As crianças brincam menos, afeta no rendimento escolar e pode até gerar problemas de saúde”, adverte. A Fundação Abrinq estima que mais de 3,3 milhões de pessoas entre cinco em 17 anos estão em situação de trabalho infantil no Brasil.
A programação em Londrina teve início no dia 6 de junho, quando cerca de 30 crianças participaram de uma oficina de confecção de origami. Para as próximas semanas estão previstas recreação, pintura artística e teatro com fantoches sobre a temática. Durante os encontros ainda é feita a distribuição de materiais informativos com conteúdos e ilustrações sobre o combate ao trabalho infantil.
FAMÍLIAS
A coordenadora do Cras Sul-A advertiu que muitas famílias, por terem tido uma vivência com o trabalho quando crianças, não conseguem identificar que este tipo de conduta é vedada por lei. “No União da Vitória, jardim Cristal e Nova Esperança, que são os principais bairros que atendemos, são pessoas carentes e temos muitas situações de crianças vendendo mandioca, balas e até mendigando”, pontuou. Venda ambulante feita por crianças, cuidado de carros, exploração sexual infantil são alguns dos tipos de trabalho de menores. Em Londrina 86 adolescentes estão cumprindo medidas socioeducativas por tráfico de drogas, que também é um das formas.
Para poder prevenir este tipo de situação, o centro de referência da zona sul faz acompanhamento com famílias que recebem benefícios sociais municipais. São 300 pessoas entre atendimentos particularizados e coletivos, que acontecem mensalmente. “É algo a longo prazo. Neste mês estamos intensificando as falas sobre a importância de evitar situações de trabalho infantil. Isso não quer dizer que é para a criança ficar na rua, pois pode ficar vulnerável a outras situações de desproteção. É dever de toda a sociedade resguardar o direito da criança e adolescente”, ressaltou. “Infelizmente não temos a oferta suficiente para todos com contraturno, mas existem projetos sociais e devemos encontrar formas de ajudar”, acrescentou.