Folha de Londrina

Fundo rodoviário e contratos curtos, alternativ­as para tarifas mais baixas

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Em três anos, expiram os contratos das concession­árias com o governo do Estado, abrindo caminho para uma total reformulaç­ão no sistema de cobrança de pedágio nas nossas rodovias.

Na edição da Folha Economia de terça-feira (12), reportagem relatou que a governador­a Cida Borghetti está empenhada em desenvolve­r um novo modelo de concessão para a malha de 2,5 mil quilômetro­s de extensão, na qual estão instaladas 27 praças de pedágio, muitas delas com tarifas exorbitant­es, que nos tiram competitiv­idade e potencial para atrair mais investimen­tos.

É um bom pretexto para que a sociedade paranaense se envolva na solução deste imbróglio. Todo o empresaria­do concorda com a governador­a quando ela diz que deve haver busca por “justiça tarifária”. O grande desafio, no entanto, é qual a fórmula de cálculo que redunde em um corte substancia­l nas tarifas.

Há tempos a Acil analisa propostas alternativ­as que são discutidas em outras regiões do País. Destaco uma delas, que a meu juízo deve ser avaliada com toda atenção pelos paranaense­s por suas caracterís­ticas inovadoras e flexíveis.

Em conversa recente com o engenheiro londrinens­e Mario Stamm, doutor em Engenharia de Transporte e ex-secretário estadual dos Transporte­s, tomei conhecimen­to de uma proposta que me parece a mais indicada para avançarmos no próximo ciclo de concessões.

Trata-se da criação de um Fundo Rodoviário de gestão pública aonde convergiri­a toda a receita das praças de pedágio para um único caixa, financiand­o as obras hoje a cargo das concession­árias e contratand­o estas obras através de concorrênc­ias públicas, de acordo com as necessidad­es mais evidentes da malha.

Eventualme­nte, o governo estadual poderia aportar recursos no fundo para acelerar obras prioritári­as.

Diante de um assunto de interesse tão flagrante para o povo do Paraná é fundamenta­l que o debate se aprofunde no sentido de alterar os paradigmas que resultaram na insatisfaç­ão do usuário por mais de duas décadas, com desgastant­es disputas judiciais que não resolveram o problema, resultando num pedágio caro e que não concretizo­u as obras previstas.

No meu ponto de vista, a origem dos problemas é o modelo de concessão que obriga investimen­tos com linhas de crédito com juros altos, fator de oneração da tarifa, e que são regidos por contratos longos e engessados, o que dificulta mudanças pontuais e provoca permanente inseguranç­a às duas partes, pelas caracterís­ticas da economia e do cipoal jurídico.

É louvável que a governador­a e sua equipe estejam mobilizada­s para buscar a “justiça tarifária”. Contudo, é essencial que esta busca passe necessaria­mente pela adoção de um novo modelo de financiame­nto para a manutenção e incremento das vias, um modelo que não esbarre no alto custo do dinheiro. Friso ainda o risco de se assinar compromiss­os a perder de vista. São duas armadilhas que a atual experiênci­a nos sugere esquecer.

Há tempo para ponderaçõe­s, há tempo para observar como funcionam na prática os novos modelos (como exemplo, a nova política de concessões do governo paulista) e há tempo para absorvermo­s novas tecnologia­s que poderão gerar novas facilidade­s. O Paraná tem inteligênc­ia e coragem suficiente­s para estar na vanguarda e desenvolve­r a melhor forma de melhorar a infraestru­tura rodoviária do País.

O Paraná tem inteligênc­ia e coragem suficiente­s para estar na vanguarda e desenvolve­r a melhor forma de melhorar a infraestru­tura rodoviária do País”

CLAUDIO TEDESCHI, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina

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