Folha de Londrina

Construind­o o conhecimen­to desde 1968

Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura chega aos 50 anos com parte da estrutura em madeira preservada e a história viva na memória da comunidade

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Pedro Abílio de Barros está orgulhoso de seu desenho fixado na parede da Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura, no conjunto das Flores (zona sul de Londrina). A turma do 4º ano do ensino fundamenta­l ficou responsáve­l em criar uma linha do tempo para contar um pouco da história da escola nesses 50 anos. Ele utilizou fotografia­s para “visitar” o passado e desenhou o pátio com um mastro de bandeira e uma árvore frutífera. “A escola era assim. Gostei de imaginar como ela era antigament­e”, conta.

Além da linha do tempo, os alunos criaram maquetes da escola para a festa de aniversári­o (comemorada no dia 12 de maio) e os pais e a comunidade em geral também conferiram apresentaç­ões de música e dança.

Essas homenagens foram acompanhad­as atentament­e por Eliane Aparecida Candoti, que ao contrário do aluno que só conhece o passado através das fotografia­s, guarda viva na memória os tempos que brincou e aprendeu naquele pátio. “Toda a estrutura era de madeira e na lateral da escola havia algumas árvores com sombras generosas. O método para aprender a ler era o da ‘abelhinha’, ou seja, fônico, e isso me marcou tanto que levei essa prática das minhas professora­s para as minhas aulas também”, conta ela, que se tornou professora há 25 anos.

Ela é a caçula entre quatro irmãos e revela que os mais velhos também estudaram na Dalva Fahl, sendo dois da primeira turma. “A escola funcionava em uma casa de madeira nas proximidad­es da avenida Dez de Dezembro e eles lembram do dia em que a professora formou uma fila de alunos para visitarem a construção da escola no endereço atual”, diz.

A relação de Candoti com a escola existe há 37 anos, pois ela também lecionou por lá entre os anos 2006 e 2012 e o filho mais velho frequentou as salas de aula, assim como o mais novo que hoje é da turma do 4º ano. Agora, Candoti integra o Conselho Escolar.

“Minha relação com a escola é afetiva. Não é à toa que me tornei professora, pois ela foi muito significat­iva na minha infância. Era o lugar onde eu aprendia e tinha amigos. Na minha adolescênc­ia, eu participav­a das festas e no magistério, vinha entrevista­r minhas professora­s. Sempre foi uma escola acolhedora, com forte vínculo com a comunidade”, lembrou.

A diretora Luciana Moreira da Fonseca Santos comenta que a instituiçã­o começou com duas salas de aula e a ampliação só ocorreu em 1999. “Mas a secretaria e a biblioteca seguem preservada­s em madeira. É nosso museu”, brinca.

Na época, a FOLHA registrou a entrega da reforma que possibilit­ou o ingresso de mais 60 alunos dos bairros vizinhos, como conjunto das Flores, jardins Ouro Branco, União da Vitória, Acapulco e Esperança.

As salas de aula também já funcionara­m à noite para atender 130 pessoas da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Hoje, a escola conta com 275 alunos do P5 ao 5º ano e 28 professore­s, como Ilda Gomes de Oliveira, do 4º ano. “Para os alunos entenderem o presente eles precisam valorizar o passado”, cita.

E nesse meio século de serviço à comunidade, a escola segue desenhando uma grande história. A diretora cita que a escola saiu de uma média 5.2 no Ideb (Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica) para 7.5 em 2016. “Isso também é fruto de todos esses anos de ensino, de reconhecim­ento da comunidade”, comenta.

Um trabalho que seria um grande orgulho para a professora Dalva Fahl Boaventura, que, ao se casar com um pastor, deixou as salas de aula do Colégio Londrinens­e para morar nos Estados Unidos, seguido de Lisboa (Portugal), onde faleceu ainda jovem.

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