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Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura chega aos 50 anos com parte da estrutura em madeira preservada e a história viva na memória da comunidade
Pedro Abílio de Barros está orgulhoso de seu desenho fixado na parede da Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura, no conjunto das Flores (zona sul de Londrina). A turma do 4º ano do ensino fundamental ficou responsável em criar uma linha do tempo para contar um pouco da história da escola nesses 50 anos. Ele utilizou fotografias para “visitar” o passado e desenhou o pátio com um mastro de bandeira e uma árvore frutífera. “A escola era assim. Gostei de imaginar como ela era antigamente”, conta.
Além da linha do tempo, os alunos criaram maquetes da escola para a festa de aniversário (comemorada no dia 12 de maio) e os pais e a comunidade em geral também conferiram apresentações de música e dança.
Essas homenagens foram acompanhadas atentamente por Eliane Aparecida Candoti, que ao contrário do aluno que só conhece o passado através das fotografias, guarda viva na memória os tempos que brincou e aprendeu naquele pátio. “Toda a estrutura era de madeira e na lateral da escola havia algumas árvores com sombras generosas. O método para aprender a ler era o da ‘abelhinha’, ou seja, fônico, e isso me marcou tanto que levei essa prática das minhas professoras para as minhas aulas também”, conta ela, que se tornou professora há 25 anos.
Ela é a caçula entre quatro irmãos e revela que os mais velhos também estudaram na Dalva Fahl, sendo dois da primeira turma. “A escola funcionava em uma casa de madeira nas proximidades da avenida Dez de Dezembro e eles lembram do dia em que a professora formou uma fila de alunos para visitarem a construção da escola no endereço atual”, diz.
A relação de Candoti com a escola existe há 37 anos, pois ela também lecionou por lá entre os anos 2006 e 2012 e o filho mais velho frequentou as salas de aula, assim como o mais novo que hoje é da turma do 4º ano. Agora, Candoti integra o Conselho Escolar.
“Minha relação com a escola é afetiva. Não é à toa que me tornei professora, pois ela foi muito significativa na minha infância. Era o lugar onde eu aprendia e tinha amigos. Na minha adolescência, eu participava das festas e no magistério, vinha entrevistar minhas professoras. Sempre foi uma escola acolhedora, com forte vínculo com a comunidade”, lembrou.
A diretora Luciana Moreira da Fonseca Santos comenta que a instituição começou com duas salas de aula e a ampliação só ocorreu em 1999. “Mas a secretaria e a biblioteca seguem preservadas em madeira. É nosso museu”, brinca.
Na época, a FOLHA registrou a entrega da reforma que possibilitou o ingresso de mais 60 alunos dos bairros vizinhos, como conjunto das Flores, jardins Ouro Branco, União da Vitória, Acapulco e Esperança.
As salas de aula também já funcionaram à noite para atender 130 pessoas da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Hoje, a escola conta com 275 alunos do P5 ao 5º ano e 28 professores, como Ilda Gomes de Oliveira, do 4º ano. “Para os alunos entenderem o presente eles precisam valorizar o passado”, cita.
E nesse meio século de serviço à comunidade, a escola segue desenhando uma grande história. A diretora cita que a escola saiu de uma média 5.2 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para 7.5 em 2016. “Isso também é fruto de todos esses anos de ensino, de reconhecimento da comunidade”, comenta.
Um trabalho que seria um grande orgulho para a professora Dalva Fahl Boaventura, que, ao se casar com um pastor, deixou as salas de aula do Colégio Londrinense para morar nos Estados Unidos, seguido de Lisboa (Portugal), onde faleceu ainda jovem.