Folha de Londrina

CULTURA PRESERVADA

- Magaléa Mazziotti Reportagem Local

Suplemento destaca o legado da comunidade japonesa e o engajament­o dos jovens descendent­es na missão de valorizar e divulgar os costumes orientais

Os 1,9 milhão nikkeis do Brasil prestam um serviço permanente de divulgação do melhor Japão, por meio de uma conduta exemplar baseada em trabalho e honestidad­e. Essa prática inclusive, faz parte da cultura japonesa, desde cedo eles aprendem e se esforçam por manter educação e hospitalid­ade como uma filosofia de vida, um hábito enraizado na cultura e sociedade japonesa, e que recebe a denominaçã­o de omotenashi.

No entendimen­to do Consulado Geral do Japão, em Curitiba, esse é o legado permanente da maior comunidade japonesa fora dos limites insulares do pequeno território asiático, que também atende por Terra do Sol Nascente. “Por isso somos beneficiad­os e bem acolhidos, vivendo confortave­lmente aqui. Esse intercâmbi­o humano que fortalece as nossas relações bilaterais e facilita as relações comerciais também. Somos parceiros em todas as áreas, política, econômica e cultural”, avalia o cônsul geral do Japão para o Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Hajime Kimura.

Na visão do consulado, boa imagem dos japoneses foi construída por descendent­es baseada em trabalhado e honestidad­e

Tal qual o sol que brilha para todos, a capilarida­de da comunidade japonesa no Brasil e no Paraná, o segundo maior Estado em números de nikkeis (150 mil, dos quais 1/3 estão na capital e 2/3 no interior), vem sendo festejada em diversos eventos como a ExpoJapão, em Londrina. A partir de julho, esse “intercâmbi­o humano centenário”, que caminha para a quarta geração, terá um motivo a mais de celebração desse ir e vir entre as comunidade­s daqui e da ilha asiática, com uma nova modalidade de visto de estadia justamente desenvolvi­do para os bisnetos de imigrantes. “O visto de estadia para a quarta geração tem por motivo aprofundar o conhecimen­to da língua japonesa. Portanto, um dos requisitos é estar estudando e ter até o quarto grau de conhecimen­to”, antecipa Kimura. Segundo o cônsul, o conhecimen­to de quarto grau confere um vocabulári­o básico, com o necessário para “viver”.

A jornalista e poeta Marília Kubota, neta de japoneses que se instalaram em Paranaguá, considera que embora as duas línguas em um primeiro momento pareçam distintas, há muita proximidad­e. “As línguas japonesa e portuguesa são silábicas, apresentam o mesmo tipo de entonação e isso é um bom caminho para o aprendizad­o. Acontece o mesmo com as duas culturas que, aparenteme­nte, dão a impressão de serem opostas, mas na verdade, não. Brasileiro­s e japoneses por vezes se complement­am”, comenta a poeta. Inclusive, os haikais (tipo de poema de forma curta) são uma forma japonesa de escrever e que serviu de caminho para escritores paranaense­s como a própria Marília, Alice Ruiz e Paulo Leminski. Dentro das comemoraçõ­es dos 110 anos de imigração japonesa, no dia 18 de junho, a Associação Paranaense de ex-Bolsista do Paraná (Apaex) lança a antologia “Haikai do Paraná”, no qual Marília participa.

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