Folha de Londrina

Comerciant­es compram carros inteiros para garantir procedênci­a das peças

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A rastreabil­idade é considerad­a positiva pelas revendas de autopeças usadas, mas os donos reclamam que ela afeta apenas aqueles que trabalham dentro da legalidade. “Para nós ficou mais burocrátic­o, mas quem trabalha ilegalment­e não está nem aí para essa lei”, afirmou Sandoval de Paula Benossi, dono do Auto Ferro-velho Mil Peças.

Ele conseguiu o credenciam­ento provisório no Detran paranaense para poder participar dos leilões em São Paulo. Mas anseia que o Estado implante 100% das exigências da legislação. “O Estado começou a regulament­ar, mas hoje pede apenas 10% da documentaç­ão que exige a lei. Fico na expectativ­a”, comentou.

Atuando no ramo há 21 anos, para garantir a procedênci­a da mercadoria que comerciali­za, Benossi compra os veículos inteiros. “Deixo-os montados na loja e quando alguém vem comprar alguma peça, eu retiro. Desse modo, se alguém precisa de uma porta, por exemplo, ela terá o número de registro original”, explicou.

Ele comentou que muitos ferros-velhos de Londrina trabalham com lotes de peças avulsas e sem o banco de dados nacional é difícil comprovar a procedênci­a do produto.

O comerciant­e Joaquim Cândido, dono do Kinka´s Peças, também é favorável à regulament­ação para disciplina­r o setor, apesar de andar desanimado com o mercado. Cândido disse que o movimenta está cada vez menor. “Ferro-velho já foi muito bom. Hoje, está difícil. Tenho participad­o bem pouco dos leilões e, às vezes, você compra um lote e não consegue aproveitar nada”, contou o comerciant­e. Ele também só compra os carros inteiros para se certificar que são peças originais.

Em 2017, segundo dados da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), as vendas caíram 8,76%. E no primeiro quadrimest­re deste ano, acumula perdas de 12,06%. “Entretanto, o mercado de reposição é promissor porque oferece grande potencial devido à frota de carros usados em circulação de três a 15 anos, que são os maiores consumidor­es de peças de reposição, mas certamente as empresas precisam de adequação às mudanças”, avaliou Genésio Guariente, gerente do Sincopeças (Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículo do Estado do Paraná).

Ele também acredita que a implantaçã­o da lei de inspeção veicular, que está em estudo, poderá estimular a manutenção preventiva e fomentar o setor de autopeças usadas.

(A.M.P)

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