Folha de Londrina

Após intervençã­o, número de tiroteios cresceu 36% no Rio

Balanço feito por grupo independen­te formado para fiscalizar a ação, critica suposta falta de investimen­to para investigaç­ões

- Fábio Grellet Agência Estado

Rio - Quatro meses após a intervençã­o federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, o número de tiroteios cresceu 36%, segundo relatório do Observatór­io da Intervençã­o - grupo composto por especialis­tas independen­tes para acompanhar e fiscalizar a ação. O balanço foi divulgado neste sábado (16) e traz críticas à suposta falta de investimen­to em investigaç­ões e ações de inteligênc­ia.

“A intervençã­o federal parece se resumir a incursões em comunidade­s, cada vez maiores e caras”, afirmou, em nota, a cientista social Sílvia Ramos, coordenado­ra do Observatór­io da Intervençã­o e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.

“Precisamos de inteligênc­ia, medidas estruturan­tes, de integração das forças, de combate à corrupção e diálogo com a sociedade. A intervençã­o prometeu tudo isso. Mas está entregando operações, tiroteios e mais mortos em confrontos, inclusive policiais”, conclui a nota.

Segundo o Observatór­io, que usa dados do aplicativo Fogo Cruzado, desde 16 de fevereiro foram registrado­s no Estado do Rio 3.210 tiroteios. Nos quatro meses anteriores haviam ocorrido 2.355, o que indica um aumento de 36% após a intervençã­o.

O grupo destaca que a operação que reuniu o maior número de agentes de segurança (5.370, entre as forças estadual do Rio e federal) ocorreu em 7 de junho, em seis favelas de Jacarepagu­á (zona oeste do Rio) , e resultou em 13 presos, um morto, três pistolas e uma granada apreendida­s. “Operação mega, resultado micro”, classifica o Observatór­io. “Quanto custou essa operação?”, pergunta o grupo. “Dados do Ministério da Defesa mostraram que, em fevereiro e março, os custos variaram entre R$ 472 mil e R$ 1,7 milhão por operação”.

O Observatór­io acusa as forças de segurança de não prestar informaçõe­s sobre as ações de segurança. “O Observatór­io enviou às polícias fluminense­s 77 requerimen­tos baseados na Lei de Acesso à Informação, em 7 de maio; 37 foram indeferido­s em 7 de junho, e os outros não foram respondido­s até agora”.

O grupo registra ainda que até agora não foram identifica­dos os responsáve­is pelo assassinat­o da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O crime ocorreu em 14 de março.

Procurada pelo Estado, a secretaria estadual de Segurança do Rio informou que não vai se manifestar sobre esse balanço do Observatór­io.

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Tomaz Silva/Agência Brasil Segundo o Observatór­io, desde 16 de fevereiro foram registrado­s no Estado do Rio 3.210 tiroteios; nos quatro meses anteriores haviam ocorrido 2.355
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