‘Julieta é uma inspiração para as mulheres’
Gabriela Duarte diz que sua personagem em “Orgulho e Paixão” teve uma força enorme para brigar contra o patriarcado
Gabriela Duarte vê uma justificativa para as maldades de Julieta em “Orgulho e Paixão”, novela das 18h da Globo. Para a atriz, a postura inflexível da personagem com os negócios e também com o filho, Camilo (Maurício Destri), é consequência do relacionamento abusivo que tinha com o falecido marido. Desde a morte dele, a Rainha do Café se reinventou e não admite que nada saia do controle. Por isso, se fechou em todos os aspectos, inclusive para o amor.
“Ela esbarra na vilã, mas não chega a ser uma. Julieta tem atitudes muito duras e radicais, mas a justificativa é que ela foi maltratada pela vida. Teve um casamento de conveniência e foi mãe cedo. Casada com um homem muito mais velho e agressivo, ela sofreu assédio moral, abuso e isso tornou essa mulher assim”, acredita a atriz.
Gabriela conta que tem personalidade muito diferente da personagem e, por isso, teve que buscar caminhos para entender quem é Julieta. “Orgulho e Paixão” também proporcionou a ela um mergulho no período da trama, que se passa em 1910, durante o apogeu do café na economia do Brasil.
“A Julieta teve uma força enorme para brigar contra o patriarcado. A gente luta até hoje, então, imagine em 1910 uma mulher de negócios, que constrói, sozinha, um império. Todo mundo acha que ela herdou tudo do marido, mas não é verdade. Tem fama de herdeira, mas ela foi a pessoa que levantou aquilo”, afirma.
Na história, Julieta conta com o apoio de Susana (Alessandra Negrini) para expandir seus negócios, sem ter noção de que sua ajudante arma pelas suas costas. Como a vilã atende aos seus interesses e sempre faz o trabalho sujo quando é necessário, a Rainha do Café pouco se importa com os métodos de sua assistente. Apesar disso, Gabriela pensa que a personagem pode ser um modelo feminino.
“Tirando toda essa casca, a Julieta pode ser uma inspiração para as mulheres hoje, porque ela vai atrás do que quer de forma honesta. Ela é independente de qualquer pessoa. Não é ela que faz o trabalho mais complicado; todo mundo sabe que quem faz é a Susana”, observa.
PERÍODO FORA DO BRASIL
“Orgulho e Paixão” marcou a volta de Gabriela Duarte às novelas após dois anos morando em Nova York, nos Estados Unidos. A atriz conta que o motivo de sua ida para o exterior foi uma proposta interessante de trabalho recebida pelo marido, o fotógrafo Jairo Goldflus Então, ela e os filhos, Manuela, de 11 anos; e Frederico, de 6; foram junto com ele e se adaptaram bem à nova rotina.
“Sempre soube que era uma experiência que teria início, meio e fim, então não fiquei pensando muito no que me fazia falta. Quis viver aquilo com tudo que podia e fui aprendendo. Além disso, a tecnologia ajuda a gente a ficar perto das pessoas. E também vinha bastante ao Brasil”, relata.
Por conta de ser filha da atriz Regina Duarte, Gabriela cresceu sob os holofotes. Portanto, os dois anos longe da televisão possibilitaram que ela vivesse uma rotina comum, sem ser reconhecida nas ruas. A atriz conta que gostou da experiência, mas que até lá tiveram alguns momentos em que foi parada por russos e dominicanos que tinham assistido às novelas brasileiras.
“Você morar num lugar que ninguém te conhece é muito interessante, porque cresci sendo uma pessoa conhecida. Mesmo quando não era atriz, sempre vivi isso através da carreira da minha mãe. Em Nova York, era reconhecida pelos russos e pelos dominicanos. ‘Por Amor’ (1997) já passou na Rússia umas 15 vezes e na República Dominicana adoram as novelas brasileiras”, finaliza.