Que não nos falte energia
Não bastassem os impactos provocados pela paralisação dos caminhoneiros nos preços dos alimentos, combustíveis e do gás de cozinha – quando há botijões nas revendas –, agora o fator clima é apontado como o principal responsável por mais uma mordida no bolso do brasileiro: a alta na conta de luz. No Paraná, a Copel já confirmou que o aumento de 15,06% entra em vigor já a partir deste domingo (24). A falta de chuvas no ano passado seria a maior responsável pelo reajuste, que vem sendo aplicado em todo o país conforme o calendário de cada distribuidora.
No Estado, a alta atingirá 4,5 milhões de unidades consumidoras. Sem chuvas suficientes, aumenta a necessidade de aquisição de fontes termelétricas, que são mais caras do que as renováveis. O aumento autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) no Paraná será ainda maior para o setor industrial, de 17,55%. É o terceiro maior percentual aplicado pela estatal em um ano desde 2010.
Segundo a Copel, boa parte do reajuste é consequência dos preços dos contratos de compra de energia, ajustados pela inflação e agravados pela falta de chuvas nos últimos anos. A companhia ainda sustenta que a elevação do encargo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo gerido pelo governo federal, também pesou neste aumento.
Analistas do setor energético avaliam que o aumento está dentro da média concedida pela Aneel às demais distribuidoras e que as reduções possibilitadas pelas bandeiras tarifárias não foram suficientes para cobrir os gastos com aquisição de energia.
De fato, na composição da tarifa da Copel os maiores pontos percentuais (7,02), os índices que balizam os cálculos, são relacionados a encargos setoriais e custos de aquisição de energia. Outros 6,52 p.p. representam valores não cobertos pela tarifa desde o último reajuste, em junho de 2017. É uma conta complexa de decifrar e que envolve também o modelo de captação e geração de energia adotado de forma majoritária no Brasil.
O que cabe ao cidadão comum tentar compreender é que se tem poder de decisão zero sobre os custos do sistema elétrico nacional, até porque são preços controlados pelo governo, pode tentar minimizar o impacto dos reajustes na conta de luz fazendo o dever de casa. Reduzir o consumo é mais um esforço que nos resta fazer entre tantos a que somos submetidos diariamente, a despeito de não termos dos que nos governam a mesma energia em retribuir a nação com investimentos em áreas sensíveis como saúde, educação e segurança.
Reduzir o consumo é mais um esforço que nos resta fazer entre tantos a que somos submetidos diariamente”