EUA deixam Conselho de Direitos Humanos da ONU
Governo norte-americano criticou órgão por abrigar países como Venezuela e Líbia
São Paulo -
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (19) que o país deixará o Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo a embaixadora do país na entidade, Nikki Haley, a decisão ocorre porque seus esforços para reformar o órgão sediado em Genebra foram vãos. “Nenhum país teve a coragem de participar de nossa luta”, declarou. “Damos este passo porque nosso comprometimento não nos permite continuar fazendo parte de uma organização hipócrita, autocentrada, que faz gozação dos direitos humanos”, afirmou.
Haley afirmou ainda que considera o Conselho hipócrita e voltado para o benefício próprio ao abrigar países como Venezuela e Líbia. E acrescentou que gostaria de “deixar bem claro” que a medida não significa um recuo dos EUA em seus compromissos com os direitos humanos.
O anúncio ocorre em momento em que há uma elevação das críticas aos Estados Unidos pela opção de separar famílias que tentam entrar em território americano pela fronteira com o México. A decisão do governo americano representa uma nova rejeição do multilateralismo por Washing- ton, depois de o presidente Donald Trump ter retirado seu país do acordo climático de Paris e do tratado nuclear com o Irã. Os EUA boicotaram o conselho por três anos durante a gestão de George W. Bush, mas voltaram a integrá-lo sob a gestão de Barack Obama, em 2009.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a decisão dizendo que “teria preferido muito” que os Estados Unidos permanecessem no Conselho. “A arquitetura de direitos humanos da ONU tem um papel muito importante na promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo.”
A diplomacia americana já não escondia suas diferenças com o Conselho, ao qual Washington acusava de ter se mobilizado por sentimentos contrários a Israel e pela presença de países que o governo considera que não devem ter assento.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU foi criado em 2006 para substituir a Comissão de Direitos Humanos e é formado por 47 países-membros escolhidos por maioria absoluta na Assembleia Geral da ONU.
Em junho de 2017, Haley já tinha exigido uma reforma do Conselho, e este ano Washington impulsionou um projeto de resolução que contemplava mudanças profundas neste grupo. Entre as propostas americanas destacam-se um dispositivo para que países acusados de cometer violações dos direitos humanos possam ser excluídos por maioria simples na Assembleia e não por voto de dois terços.