Folha de Londrina

TCU calcula desvios de R$ 600 milhões no Rodoanel Norte em SP

Força-tarefa da Lava Jato prende ex-secretário do presidenci­ável tucano Geraldo Alckmin e mais 14 suspeitos

- Agência Estado São Paulo -

As irregulari­dades no Trecho Norte do Rodoanel de São Paulo podem ter provocado um desvio de aproximada­mente R$ 600 milhões, segundo cálculos apontados pelo Tribunal de Contas da União ( TCU). A informação foi dada pela procurador­a da República Anamara Osório, da força-tarefa da Operação Lava Jato que deflagrou nesta quinta-feira, 21, a Operação Pedra no Caminho, e prendeu 15 suspeitos, entre eles o ex-diretor da Dersa e ex-secretário de Logística e Transporte­s do Governo Geraldo Alckmin, Laurence Casagrande.

“Como a obra do Rodoanel Norte consiste em 6 lotes, foram vários aditivos de todos lotes”, explicou Anamara. “O que o Tribunal de Contas apurou foi que as irregulari­dades consistira­m em mais ou menos R$ 600 milhões. De 2013 até 2017.”

A procurador­a destacou que os técnicos do TCU fizeram fiscalizaç­ão em campo. “A fiscalizaç­ão do TCU foi além das planilhas contratuai­s, dos contratos, dos aditivos, do projeto básico. A fiscalizaç­ão do TCU foi a campo. Entrou na Dersa.” Anamara é taxativa. “Existe com certeza indícios fortes de irregulari­dades no lote 2, que é o lote da construtor­a OAS.”

As obras contaram com recursos da União, do Governo do Estado de São Paulo e do Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento (BID) e foram fiscalizad­as pela Dersa, estatal responsáve­l por obras rodoviária­s de São Paulo.

São alvos dos mandados

ex-diretores da Dersa, executivos das Construtor­as OAS e Mendes Junior, de empresas envolvidas na obra e gestores dos contratos com irregulari­dades.

OUTRO LADO

A Dersa informou que ela e o Governo de São Paulo são os “maiores interessad­os acerca do andamento do processo”. “Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões.”

A OAS, por sua vez, destacou que agentes da Polícia Federal estiveram pela manhã na sede da empresa em São Paulo, numa “operação de busca e apreensão de documentos relativos a obras do Rodoanel paulista, das quais é responsáve­l pelos Lotes 2 e 3 do trecho Norte”. “Um ex-executivo da empresa que esteve à frente do projeto - fora dos quadros da companhia desde 2016 - também teve prisão temporária decretada.”

ALCKMIN

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidênci­a da República, afirmou nesta quintafeir­a (21) que a prisão do exsecretár­io de Logística e Transporte de sua gestão em São Paulo, Laurence Lourenço, não terá efeito em sua pré-campanha à Presidênci­a.

“Nenhum”, disse ele quando questionad­o sobre o tema, após almoço com empresário­s na Firjan, no centro do Rio de Janeiro. Alckmin disse apoiar a investigaç­ão, mas pediu uma conclusão rápida sobre o caso. “Se há qualquer tipo de investigaç­ão, que ela seja rápida, profunda e que se esclareça. O que tínhamos conhecimen­to era de um parecer técnico do TCU e todas as informaçõe­s já foram prestadas”, disse o ex-governador tucano.

“A gente não deve se precipitar, para não tirar conclusões precipitad­as. Vamos aguardar para não cometer injustiça”, declarou o tucano. O ex-governador disse que o superfatur­amento apontado pelo TCU tinha como origem uma “diferença de interpreta­ção nas regras do BID e do próprio TCU”. Sobre os indícios de corrupção, apontados pelo Ministério Público Federal, ele respondeu: “Só se tiver fato novo, porque não existia isso”.

O ex-governador disse em sua resposta que nomeou um procurador como secretário de Transporte em sua gestão, em referência a Saulo de Castro Abreu, escolhido em 2011 para o cargo.

“Todo apoio à investigaç­ão. Nosso secretário dos Transporte­s foi um membro do Ministério Público. Não é nem promotor, é mais que promotor, é procurador do estado de São Paulo”, afirmou ele.

Alckmin diz que prisão de ex-secretário terá efeito ‘nenhum’ em sua campanha à presidênci­a

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Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo Os principais alvos dos mandados de prisão foram diretores da Dersa, órgão rodoviário vinculado ao governo de São Paulo
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