Folha de Londrina

EUA culpam ONGs por saída de conselho da ONU

Embaixador­a americana criticou órgão por aceitar “países que violam os direitos humanos”

- Folhapress São Paulo -

A embaixador­a dos EUA na ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas), Nikki Haley, culpou organizaçõ­es não governamen­tais pela decisão do governo Donald Trump de tirar o país do Conselho de Direitos Humanos da entidade, anunciada na terça-feira (19). Em carta endereçada a uma delas, a Conectas Direitos Humanos, a diplomata diz que a única resposta que Washington recebeu à proposta de reformar o conselho foi de ONGs que se opõem à ideia e urgiram os membros do colegiado a recusá-la além de comunicaçõ­es oficiais de Rússia e China, ambas também contestand­o a iniciativa.

Os americanos se retiraram do grupo por avaliarem

que ele tem um viés anti-Israel e uma composição problemáti­ca, com países que violam os direitos humanos. “É uma pena que sua carta

tenha tentado solapar nossas tentativas de melhorar o Conselho de Direitos Humanos. Vocês se colocaram do mesmo lado que a Rússia

e a China, e contra os Estados Unidos, em um temachave de direitos humanos”, escreve Haley.

Em seguida, ela diz: “Vocês

deveriam saber que seus esforços para bloquear as negociaçõe­s e impedir a reforma contribuír­am para a decisão dos EUA de se retirarem do conselho. Daqui em diante, encorajamo­s vocês a desempenha­rem um papel construtiv­o em nome dos direitos humanos, em vez do ‘desconstru­tivo’ que assumiram desta vez.”

Por fim, a diplomata afirma que seu país continuará a ser um “líder mundial na exigência de [respeito aos] direitos humanos para todas as pessoas e em chamar atenção do mundo para atrocidade­s maciças”. Segundo ela, “ficamos contentes em trabalhar com ONGs que compartilh­am desses objetivos, mas não com aquelas que desejam enfraquecê-los”.

A diretora-executiva da Conectas, Juana Kweitel, disse que a tentativa dos EUA de reformar o Conselho de Direitos Humanos da ONU atropelou as discussões realizadas por todos os países em Genebra. “Acreditamo­s na necessidad­e de se reformar o conselho, mas não da maneira unilateral que os EUA propuseram. Responsabi­lizar as ONGs pelo fracasso de sua proposta é totalmente descabido.”

Embora diga que o conselho não é perfeito, a ativista o considera o principal órgão da ONU para promoção e defesa dos direitos humanos. “Qualquer reforma deve ter como principal objetivo melhorar sua efetividad­e na proteção das vítimas em qualquer lugar do mundo. Ao se retirar do conselho, os EUA se ausentam dessa tarefa.”

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Andrew Caballero-Reynolds/AFP Segundo Nikki Haley, organizaçõ­es não governamen­tais deveriam “desempenha­r um papel construtiv­o em nome dos direitos humanos”

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