Folha de Londrina

Tarifa beira 10% do faturament­o industrial

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Os setores com uso intensivo de energia consumirão quase 10% do que faturam com a tarifa de energia, segundo a Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O setor mais impactado é a metalurgia, que chegará a 9,73% ante os 8,39% atuais. Na sequência aparecem fabricação de produtos de madeira (9,50%), fabricação de produtos de minerais não-metálicos (8,53%) e de têxteis (8,2%).

Em Londrina, o empresário Ary Sudan, da fábrica de baterias Rondopar, afirma que terá de ficar sem margem de lucro. “Há um excesso de oferta porque não há consumo e são os preços administra­dos pelo governo que sobem demais. E isso em uma hora ingrata. Parece que o governo não vive no mesmo mundo que o restante da sociedade.”

Sudan estima em 6% o aumento no custo do produto com a nova tarifa de energia, somados aos seguidos reajustes da Petrobras para o gás, muito usado pelo setor industrial como fonte alternativ­a. Ele lembra que grandes empresas podem ao menos usar o ICMS como crédito para o futuro, o que reduz um pouco o prejuízo. “Mas o pequeno empresário é sacrificad­o, porque ele não pode fazer isso. O governo está matando a indústria e quem morre primeiro são as pequenas.”

O peso também atingirá o comércio. Proprietár­ia da Padaria Pane Di Madre, Roberta de Moraes Medeiros diz que já teve de desligar um dos dois freezeres em que armazenava insumos. “Da última vez que deram um aumento absurdo como esse, cheguei a pagar o mesmo tanto em aluguel e na conta de luz. Depois, com a redução que teve, melhorou um pouco”, diz.

Mesmo assim, diz que terá de pagar no mínimo R$ 120 a mais no mês, sem conseguir repassar a diferença. “Não posso reclamar, porque mantenho uma parte dos clientes, ainda que comprem menos ou troquem os produtos por outros mais baratos. O que posso fazer é tentar gastar menos do que ganhar e não entrar em financiame­ntos”, afirma a empresária.

(F.G.)

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