Folha de Londrina

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Cuidado com o que você publica em suas redes sociais

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Vídeo machista alerta para cuidados com o que é publicado nas redes sociais

Nos primeiros dias da Copa da Rússia, alguns vídeos de grupos de homens brasileiro­s com atitudes machistas e ofensivas contra mulheres estrangeir­as viralizara­m pela web. No mais conhecido deles aparece uma jovem russa – que aparenteme­nte não fala ou entende português – rodeada por homens que a fazem repetir frases de baixo calão e cunho sexual. A justificat­iva para o ato? “Foi apenas uma brincadeir­inha de mau gosto”, disseram.

O que os “engraçadin­hos” não imaginavam é ter de lidar com algumas consequênc­ias no âmbito profission­al, após serem reconhecid­os no vídeo. Um deles é tenente da Polícia Militar de SC, já foi afastado do cargo e terá de responder a um processo administra­tivo que apura sua conduta; outro identifica­do era supervisor em uma empresa e foi demitido em nota oficial emitida pela companhia; e um terceiro, advogado, teve sua postura repudiada pela OAB.

Essa história nos ensina várias coisas e uma delas é que precisamos cuidar daquilo que publicamos em nossas redes sociais. Não existe mais um limite entre o que é público e o que é privado. Aquela história de que “o que eu faço depois das 18h é da minha conta e ninguém tem a ver com isso” passou a ser um grande erro de cálculo.

Vivemos numa imensa aldeia global em que podemos acessar qualquer tipo de informação, mas também passamos a ser observados muito mais de perto por todo mundo. Um post preconceit­uoso publicado hoje pode derrubar a reputação que você levou anos para construir, ainda que os danos sejam sentidos só daqui a algum tempo, quando uma multidão finalmente descobrir seu texto na web.

As pessoas faziam piadinhas sem graça 20 anos atrás sim, só que apenas os amigos íntimos ficavam sabendo. Agora o mundo todo está olhando o que você diz e faz, já que a atenção que estava reservada apenas a celebridad­es – sejam elas artistas, políticos ou grandes esportista­s – também se estendeu para pessoas comuns, como eu e você.

Aquela foto na qual estava bêbado e que foi inocenteme­nte publicada no Instagram pode custar seu novo emprego ou o atual. Os comentário­s jocosos, mas criminosos, feitos no Facebook têm levado inúmeras pessoas aos tribunais. Vou além: vai chegar o tempo em que xingar o juiz num estádio de futebol custará ao ofensor muito mais do que um mero pedido de desculpas.

E lembre-se de que, mesmo optando por se manter distante das redes sociais, você ainda pode sofrer danos. Uma discussão na fila do banco na qual esteve envolvido – e que foi filmada e publicada por alguém que você desconhece – pode causar uma série de constrangi­mentos que nunca imaginou ter de enfrentar. Seus dias de fúria têm o potencial de destruí-lo se houver um smartphone por perto.

Ao postar a brincadeir­a machista na internet, aqueles homens queriam apenas “se divertir” e “se mostrar” para os amigos próximos. De forma gaiata, expressar que curtiam suas férias na Europa. Uma molecagem que não cabe mais no mundo em que vivemos.

Vejo que algumas pessoas ficam discutindo se esse tipo de ação realmente configura uma demissão por justa causa. A grande verdade é que as empresas não estão preocupada­s em ter de pagar as verbas rescisória­s que cabem ao profission­al desligado. O que elas querem é mostrar à sociedade que não pactuam com aquilo que seus funcionári­os fazem de errado. Todas costumam dizer nesse tipo de caso: esses não são nossos valores e por isso ele não tem lugar aqui dentro.

As áreas de RH das empresas não ficam bisbilhota­ndo as redes sociais dos candidatos a emprego porque querem invadir a sua privacidad­e. O que elas querem é se distanciar de profission­ais com grande potencial de causar escândalos, antes mesmo que essas pessoas sejam contratada­s.

As redes sociais digitais podem alavancar sua carreira ou destruí-la. Tudo depende de como você as utiliza. Por isso, antes de postar qualquer coisa que tenha a possibilid­ade de arranhar a sua imagem pessoal, avalie: “Vale a pena o risco?” Se ficar na dúvida, já sabe o que fazer. Você não quer se arrepender depois por ser mais uma pessoa mal compreendi­da. Ou quer?

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