Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

Um golpe contra a vida

-

Entrevista com o advogado João Carlos Biagini aborda risco de liberação do aborto no Brasil

Há um ano, terminando de escrever o livro “Coração de Mãe” em Atibaia, conheci pessoalmen­te o advogado João Carlos Biagini, um expoente do movimento pró-vida no Brasil. Agora que o Brasil corre o sério risco de ver o aborto liberado por decisão unilateral do Supremo Tribunal Federal, decidi fazer algumas perguntas ao autor do livro “Aborto, Cristãos e Ativismo do STF”:

Contra a vontade da imensa maioria da população, o STF pode estar prestes a liberar o aborto no Brasil. Qual foi a estratégia adotada pelos movimentos pró-aborto?

João Carlos Biagini: O STF apelou para o “ativismo judicial”. Ou seja, os ministros se julgam no direito de decidir sobre qualquer assunto, mesmo que não seja de competênci­a do tribunal. E querem legislar, como fizeram nos casos do aborto dos anencéfalo­s e estão fazendo noutros casos.

Qual foi a estratégia adotada pelos movimentos pró-aborto?

Biagini: Os movimentos pró-aborto tentaram aprovar leis no parlamento, Câmara de Deputados e Senado Federal, mas não conseguira­m. Diante da possibilid­ade de utilização do ativismo judicial, dirigiram-se para o Supremo, para suprimir a competênci­a do Legislativ­o. Como não conseguem apoio da população nem da maioria do parlamento, as entidades que defendem a liberação do aborto, com o apoio e financiame­nto de fundações internacio­nais como a Ford e a MacArthur, centraram foco no Judiciário, especialme­nte no STF. A causa pró-aborto também está na agenda de partidos como o PSOL, que ajuizou a ADPF-442, o PT, que fez os primeiros pedidos no Congresso, em 1991, através do projeto de lei -PL nº 1135/91, de autoria dos deputados petistas Sandra Starling e Eduardo Jorge.

Há manipulaçã­o de dados sobre o aborto no Brasil?

Biagini: A manipulaçã­o de dados sempre ocorre, para assustar a população. Por volta de 1996, falavam em milhões de mulheres mortas e milhões de abortos clandestin­os, o que é uma grande mentira. Os dados do Ministério da Saúde informam a média de 120 mulheres falecidas nas mesas de cirurgia, em casos de aborto. Mesmo entre essas mortes, 27% são decorrente­s de pressão alta. Em meu livro eu detalho esses dados e a forma como são manipulado­s.

Como impedir que o ativismo judicial libere o aborto em nosso país?

Biagini: Para impedir o ativismo judicial o próprio Judiciário deveria dar o exemplo. Deveria obedecer a o artigo 1º e parágrafo único da Constituiç­ão: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representa­ntes eleitos ou diretament­e, nos termos desta Constituiç­ão”. A violação do artigo primeiro da Constituiç­ão é um mau exemplo dado pelo STF para todo o Judiciário e o povo. Mas o povo pode pressionar os ministros do STF para que eles obedeçam à Constituiç­ão.

Qual é o papel dos cristãos (católicos e evangélico­s) nesta luta?

Biagini: Os cristãos católicos e evangélico­s têm no mandamento “Não matarás” a base de suas convicções e ações. Porém, essencialm­ente utilizamse de argumentos racionais, porque a defesa da vida não é somente uma orientação religiosa. A defesa da vida é uma questão humanitári­a. A vida é a fonte de todos os direitos humanos.

Uma entrevista com o advogado João Carlos Biagini sobre a risco de liberação do aborto no Brasil

 ?? Shuttersto­ck ??
Shuttersto­ck

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil