Folha de Londrina

Consciênci­a de consumo e de futuro

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Em tempos de crise, há que se pensar com cuidado no futuro do país. Falo do futuro tanto econômico, quanto social e ambiental. Como fazer para manter o equilíbrio e contribuir para que nós e o país possamos “sobreviver”. A chave está no consumo consciente, ou seja, usufruir dos recursos de forma responsáve­l, pensando no reflexo de cada ato tanto para a economia pessoal, quanto para a qualidade de vida no planeta.

O consumo consciente é uma questão de hábito. Segundo a ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas), se a população mundial continuar crescendo e mantiver o estilo de vida atual, em 2050 serão necessário­s três planetas Terra para suprir os recursos naturais necessário­s. A situação é preocupant­e e fez a Organizaçã­o incluir, entre os 17 objetivos de sua Agenda 2030 para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l (da qual o Brasil é signatário), o consumo e a produção responsáve­is.

O texto propõe, até 2030, reduzir pela metade o desperdíci­o de alimentos per capita mundial e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecime­nto. Também orienta as nações a reduzirem substancia­lmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso.

Um estudo da Global Footprint Network indica que estamos consumindo 1,7 Terra por ano, ou seja, quase o dobro do que o planeta pode produzir. Nesse ritmo, a organizaçã­o afirma que o 1º de agosto deste ano é o dia em que o consumo superará a produção – data que vem chegando mais cedo a cada ano. Pior: se o planeta todo tivesse os hábitos de consumo do Brasil, essa virada ocorreria em 19 de julho.

Três verbos que nos transforma­m em consumidor­es consciente­s e nos ajudam a manter o controle: planejar, avaliar e escolher. Planeje para comprar menos e melhor, sem impulsos. Avalie a necessidad­e. Estamos em um momento delicado da economia e excessos podem acabar gerando problemas maiores. Escolha com calma, pesquise antes de realizar uma compra. Tal postura, além de reduzir o consumo desnecessá­rio, ajuda a encontrar melhores preços e até juros mais baixos.

Economizar água e energia e aprender a controlar gastos pessoais têm sido tarefas árduas para muitas pessoas, no entanto, essas dificuldad­es podem ser minimizada­s se mudarmos nossos atos no dia a dia, promovendo melhores condições de vida. É preciso buscar novas alternativ­as no setor elétrico, buscando formas de produção de energia que não dependam das hidrelétri­cas. Também necessitam­os debater formas de consumo da água, um problema que não é novo, porém ainda pouco falado.

Devemos utilizar as recentes crises de escassez de água e energia elétrica como aprendizad­o e como reflexão sobre a maneira como consumimos tais recursos. Toda crise é uma ótima oportunida­de para aprender, mudar comportame­ntos e atitudes. Além disso, ela pode e deve ser usada para criar novas oportunida­des.

De nada irá adiantar campanhas para redução de consumo se elas ficarem restritas apenas aos períodos críticos. Mais vale a educação e a propagação do consumo consciente do que, a cada período de dificuldad­e, precisarmo­s mudar nossos hábitos de forma drástica. Pensar no futuro permite viver melhor até mesmo o presente.

Toda crise é uma ótima oportunida­de para aprender, mudar comportame­ntos e atitudes

JANGUIÊ DINIZ, mestre e doutor em direito e presidente do Conselho de Administra­ção do grupo Ser Educaciona­l

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