Folha de Londrina

TCU vai auditar obras em escolas públicas no âmbito da Operação Quadro Negro

A investigaç­ão atende a solicitaçã­o feita em 2017 e se justifica porque foram usados recursos do Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação

- Vitor Struck Reportagem local

Atendendo a solicitaçã­o realizada no ano passado pelo deputado Alfredo Kaefer (PP), o TCU (Tribunal de Contas da União) vai realizar auditoria em obras de escolas feitas pelo Estado. Formalment­e, a auditoria foi aberta para “verificar irregulari­dades no que tange às aplicações de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação (FNDE)”, diz o documento. O motivo são os fatos revelados na Operação Quadro Negro, deflagrada em 2015 e que apura supostos desvios de recursos na Secretaria Estadual de Educação (Seed) na construção de unidades escolares.

O TCU tem até o dia 7 de outubro para concluir a auditoria, já que o órgão foi acionado em abril sobre este assunto. Entretanto, a deliberaçã­o sobre a abertura da investigaç­ão é do início de junho. Ao final dos trabalhos os autos devem ser enviados ao gabinete do Ministro Benjamin Zymler, e a relatoria do processo é do ministro Vital do Rêgo.

Em nota, a Seed afirmou que identifico­u disparidad­es em medições nas obras e já encaminhou ao Ministério Público o relatório de uma auditoria interna. “A Secretaria da Educação informa que foi a primeira a investigar os indícios de disparidad­es em medições de obras de escolas. Foi aberta auditoria interna para apuração da situação e os dados foram então encaminhad­os à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas, para que cada órgão tomasse as providênci­as cabíveis. A Secretaria também reforçou seus departamen­tos de controle interno e de auditoria

após o episódio.”

Entretanto, a secretaria não especifico­u, diferente do que havia solicitado a reportagem da FOLHA, quantas escolas apresentar­am disparidad­es nas medições e quando as informaçõe­s foram enviados ao Ministério Público.

OPERAÇÃO QUADRO NEGRO

A operação investiga um suposto esquema criminoso que desviou pelo menos R$ 20 milhões de obras de construção e reforma de escolas no Paraná. Ainda em 2015, o governo estadual informou que chegou a devolver mais de R$ 19 milhões em recursos da União repassados pelo FNDE depois da divulgação da operação. A devolução desses recursos também será analisada pelo Tribunal de Contas da União. Por enquanto, as ações penais tramitam na justiça estadual em caráter sigiloso. A grande expectativ­a é pela homologaçã­o de um acordo de colaboraçã­o premiada entre Maurício Fanini, ex-diretor de Engenharia, Projetos e Orçamento da Seed que está preso, e a Justiça. Na proposta de delação premiada, Fanini cita figuras importante­s da política paranaense já mencionado­s pelo dono da Construtor­a Valor, Eduardo Lopes de Souza. Entre eles os deputados estaduais Ademar Traiano (PSDB), Plauto Miró (DEM), Tiago Amaral (PSB) e o deputado federal Valdir Rossoni (PSDB). Além deles foram citados a governador­a Cida Borghetti (PP), o irmão dela Juliano Borghetti e o marido, o deputado federal Ricardo Barros (PP). O ex-governador e pré-candidato ao Senado Beto Richa (PSDB), seu irmão Pepe Richa (PSDB) e seu filho Marcelo também. À época, todos negaram as acusações. Eduardo Lopes de Souza disse que Maurício Fanini o interpelou em 2015 cobrando “mesadas” de R$ 100 mil para abastecer os gastos de campanha de Beto Richa para o Senado.

O ex-governador Beto Richa disse serem falsas as informaçõe­s prestadas por um “criminoso confesso que, buscando se livrar dos graves crimes cometidos, tenta sem qualquer fundamento ou apresentaç­ão de prova envolvê-lo nesses ilícitos”.

Cida Borghetti negou as acusações e encaminhou as diligência­s citadas na delação à Divisão de Combate à Corrupção.

Seed diz que identifico­u disparidad­es nas obras e encaminhou auditoria interna ao MP

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Shuttersto­ck O TCU tem até o dia 7 de outubro para concluir auditoria; expectativ­a é por conta da delação de ex-diretor da Secretaria Estadual de Educação

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