LUIZ GERALDO MAZZA
Mais uma vez o porto de Paranaguá é palco de uma apreensão: 800 quilos de cocaína
Pedra no sapato
Há algo menos agradável do que a pedra no caminho de Drummond de Andrade na carreira de Cida Borghetti: em plena atividade político-administrativa, anunciando obras rodoviárias ao norte e no sul, está com um pedregulho no sapato com a história do 1% ao funcionalismo. Fiel à Lei de Responsabilidade Fiscal e no empenho de “socializar”, a um só tempo, o reajuste junto com a ruptura do congelamento do pessoal do Executivo, tenta algo incomum nas ações políticas – a solidariedade entre categorias funcionais.
Por dois longos anos os servidores do Executivo não receberam qualquer reajuste, enquanto seus colegas de outros poderes têm acesso à taxa de inflação acumulada. A taxa de 2,76% era para beneficiar só os privilegiados, já que a aspiração máxima da turma do Executivo seria ter só em 2019 algum ganho e isso pela iniciativa de por fim ao congelamento.
A proposta do 1% encontra resistência não apenas daqueles que teriam 2,76%, como também dos “congelados”, e o tema é daqueles em que a renúncia de um direito visa restabelecer uma regra de equidade. Na verdade um teste para o exercício da igualdade, de que tanto se fala no discurso e quão pouco se vê na prática.
Tsunami de cocaína
Mais uma vez o porto de Paranaguá é palco de uma apreensão de 800 quilos de cocaína num contêiner em ações da Receita Federal. Pela frequência (tivemos dois anteriores) é de se concluir que se trata de rotina, de certa forma inaceitável e que exigiria por isso mesmo normas mais eficazes de prevenção e repressão. Nossa especializada, atuando em São Paulo, em Bauru, pegou meia tonelada de cocaína.
Rebelião
Na Casa de Custódia, uma rebelião de presos que caminhava para a duração de 24 horas. Ocorre que a acomodação havida até aqui e em consequência reduzido significativamente esse tipo de ocorrência, pela transferência do Depen à secretaria de Segurança, não resolveu problema algum, que a qualquer momento pode aflorar. Cadeias superlotadas não são apenas um problema grave de direitos humanos como também uma intolerável forma de opressão que a qualquer momento pode se traduzir em rebelião. Cadeias distritais são um ponto forte de operação do crime organizado e uma das fragilidades do sistema é aceitar sem resistência o sistema de troca de presos imposto a cada início de negociação, o que gera um estímulo para essas manifestações, às vezes com várias mortes como a de Cascavel.
Cade x Petrobras
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, bolado na Constituição de 1946, foi um remédio para o capitalismo quando o Brasil mal era précapitalista, dominantemente rural e vivia os impulsos decorrentes da cessão pelos Esteites de Volta Redonda em troca de dois aeroportos, o de Afonso Pena na Grande Curitiba e o de Natal, esse para a campanha militar da África. Pois o Cade é instrumento para assegurar a competição e agora em declarações à imprensa o seu presidente, Alexandre Barreto, defende a tese de que podem ser criados prazos para reajustes de combustíveis e sugere que a medida seria útil para enfrentar o monopólio da Petrobras.
Tabelamento
Mais consequência da greve caminhoneira: o tabelamento posto em prática se revela como inaplicável para cargas de menor valor agregado. Em segmentos como o da reciclagem o custo do transporte chega a um terço das despesas. Fabricantes de pneus, que têm obrigação legal de recolher produtos descartados, preveem aumento de 23% nos gastos com reciclagem por causa do frete mais caro.
Cai violência
Reportagem documental desta FOLHA mostrou a melhora sensível nos níveis de violência expressos no fato de que houve em 2013 no Paraná 2.649 homicídios, e quatro anos depois, em 2017, caía para 2.290. Em 147 cidades não houve homicídios e em 18 delas desde 2012 não há esse tipo de ocorrência. Para descompensar tais ganhos temos o drama das cadeias lotadas, causa primeira de rebeliões como a da Casa da Custódia em que as negociações para liberar os sequestrados vararam a tarde de ontem.
Arranque bandeiral
Depois da vitória de ontem, a seleção brasileira comprovou que cresce na competição e com isso há o aumento do entusiasmo da torcida com mais gente saindo às ruas com símbolos nacionais, inclusive nos automóveis e também nas sacadas das casas. Cresce a esperança no hexa novamente.
Folclore
A questão do aumento do funcionalismo, de 1%, já passou do tempo normal e está na prorrogação, e amanhã na Assembleia Legislativa tudo vai ser decidido nos pênaltis.