O empate
Essa rebelião da Casa de Custódia na Cidade Industrial, até por sua durabilidade que caminha para o quinto dia e que tenta resolver-se num diálogo sem fim, lembra um comportamento dos seringueiros na Amazônia contra o avanço de pecuaristas sobre suas áreas de trabalho e que levam ao que chamam de empate logo declarado, com os rituais de uma dramatização de auto popular, para que se entre em negociação, lembrando encenações como a do Boi de Mamão ou Bumba meu boi.
Percebe-se tanto no exemplo citado como no caso da rebelião de Curitiba que o impasse é formalizado no andamento das negociações tensas e que correm o risco de perder a medida em concessões que significam às vezes mais do que a derrota. Não têm sido poucos os empates tanto nas rebeliões presidiárias quanto nos enfrentamentos governo estadual versus os sempre amotinados sindicalistas da APP e que agora ganham reforço, no Fórum dos Servidores Públicos, dos delegados de polícia.
E os fatos ligados ao reajuste dos servidores, ora em exame no legislativo, repetem o rito do empate e que pelo jeito vai além da prorrogação e dos pênaltis.
Novidade em meio à refrega da Casa de Custódia: lá pelas duas horas da tarde de ontem três dos quatro reféns foram liberados, seguindo-se uma tentativa de fuga contida pelo Bope num clima de muita censura, com negativa de acesso ao pessoal do setor de direitos humanos da advogada Isabel Mendes e restrições extensivas à OAB. Segundo o sindicato dos guardas de presídio essa é a rebelião mais prolongada da década.