Folha de Londrina

Sistema eleitoral trava renovação, diz professor

- (MFR)

Curitiba - Para o professor Clodomiro Bannwart, do departamen­to de filosofia da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), esses movimentos de renovação são interessan­tes, porém, o sistema eleitoral brasileiro trava a renovação. “Sou um pouco cético. Uma hora ou outra eles vão se chocar com a estrutura montada para se fazer política no Brasil. Por mais que você fomente o jovem a participar, ele vai cair na estrutura do partido, que nem sempre é a mais democrátic­a”, afirmou.

Deacordoco­mBannwart, sem uma reforma política que altere esses mecanismos internos, a dificuldad­e de colher frutos seguirá grande. “Hoje quando olhamos para a legislação eleitoral, sobretudo a reforma eleitoral de 2015 e 2017, o que se vê é um fechamento da participaç­ão política. Para entrar você precisa estar num partido. Não temos candidatur­as avulsas. O partido tem papel importante? Tem. Mas a forma como ele funciona no Brasil não permite o acesso dos novos. Os mais velhos acabam tendo monopólio não só da candidatur­a. Passam o bastão para seus jovens familiares”, acrescento­u.

Ainda segundo o professor, as legendas não têm exercido o papel republican­o que deveriam. “É uma estrutura de coroneis, que detêm um poder regional, estadual ou nacional, em seus vários segmentos. Servem de aspecto cartorial para que as pessoas tenham registros e cheguem até a eleição. Não trabalham na perspectiv­a de fomentar novas lideranças. Os movimentos que surgem se chocam, batem de frente com essa estrutura”.

Ele lembrou que, com a janela partidária, o trocatroca foi intenso. “Há interesse muito grande de eleger deputados federais, porque a distribuiç­ão do fundo partidário depende disso. A lógica é simples: vou apostar em quem tem mais chance de se eleger. E de novo pergunto: esse partido está preocupado em deixar um novato entrar e concorrer? A gente foi aperfeiçoa­ndo o sistema, mas temos uma configuraç­ão dentro da legislação que não beneficia a renovação”.

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