Folha de Londrina

COLUNA DO PVC

- PAULO VINÍCIUS COELHO esporte@folhadelon­drina.com.br

Erro de Tite provocou a eliminação, mas o trabalho dele deve ter continuida­de.

Kazan - Houve um erro de diagnóstic­o grave na montagem do jogo contra a Bélgica e não corrigido quando a escalação belga foi divulgada. Estava claro que Roberto Martínez trocaria a posição de seu principal armador, De Bruyne. A preocupaçã­o não podia ser a bola alta. Fellaini seria volante. Mas De Bruyne...

Tite prendeu Fagner na marcação de Hazard e deixou só Fernandinh­o com o meia do Manchester City. A bola caía no número 7 e virava jogadas de velocidade para Lukaku, às costas de Marcelo, e Hazard, contra Fagner.

Em sua palestra, Tite disse que o Brasil poderia jogar no funil deixado atrás de De Bruyne. Foi o inverso. Apesar de boas jogadas nos primeiros dez minutos, o contra-ataque estava escancarad­o. Passe de De Bruyne virou chute de Fellaini e escanteio. Gol contra de Fernandinh­o.

De Bruyne inverteu com Lukaku na jogada do segundo gol, o contra-golpe anunciado. Marcelo deu dois passos para a frente, quando havia três belgas contra quatro defensores brasileiro­s. Era óbvio que levaria a bola nas costas. O chute de De Bruyne foi perfeito, na bochecha da rede. O risco do terceiro gol da Bélgica ficou iminente, mas o Brasil melhorou na segunda etapa. Conseguiu marcar mais De Bruyne definindo Fernandinh­o como o homem do combate. Mas esbarrou muito nos dois muros defensivos montados por Roberto Martínez.

Aqui há um erro de conceito que o Brasil ainda não conseguiu perceber. Julgar que o drible é o que destrava sistemas defensivos é um vício de quando o futebol era jogado com espaço maior do que os dez metros entre as duas linhas. É preciso ter drible, mas o engano é achar que ele vai dar certo contra dois marcadores. Ou três. O abuso provocou a simulação de Neymar contra Alderweire­ld, pedindo pênalti que não houve. Diferente foi a jogada de Gabriel Jesus contra Kompany. Ali havia mais discussão, mas o árbitro Mazic não quis olhar o vídeo.

A seleção cai precocemen­te pela quarta Copa do Mundo consecutiv­a. A eliminação mais valente das quatro. O segundo tempo foi brigador, foi a seleção do Brasil. Pela pressão, mesmo no abafa, merecia pelo menos a prorrogaçã­o. Foram 23 finalizaçõ­es, oito sofridas.

Também é evidente que o trabalho fez o futebol evoluir. Não é para parar. É para Tite continuar. O mínimo de bom senso que se pede para um país que levou 7 a 1 e achou que seu futebol havia morrido, há quatro anos, e percebeu que o Brasil segue numa elite. Só que muito mais apertada.

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